Aspectos patológicos e etiológicos de salmonelose em serpentes no sul do Brasil

Abstract

Salmonella spp. é uma bactéria presente na microbiota intestinal normal de répteis. Podendo ocasionar doença clínica e morte, principalmente em momentos pós-estresse. No presente trabalho realizou-se um estudo retrospectivo em busca de casos diagnosticados como salmonelose em serpentes, entre 2011 e 2018 no Setor de Patologia Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Após consulta dos protocolos de necropsia, foram agrupados 51casos de necropsias de serpentes, dos quais seis casos apresentavam diagnóstico conclusivo de salmonelose e outros quatro casos demonstraram lesões compatíveis, com a condição. Nisso, a presença de Salmonella spp. nas lesões foi confirmada por imuno-histoquímica (IHQ), totalizando, assim, 10 casos (19,6%). Esses casos foram reavaliados e as lesões caracterizadas por sua morfologia. Todas as serpentes eram de cativeiro do gênero Bothrops, sendo quatro B. jararaca, três B. pubescens e três B. alternatus. Seis eram fêmeas e quatro machos. Em relação à idade, sete eram adultas e em três casos a idade não constava no laudo. As lesões mais frequentes foram magreza excessiva (8/10), hepatite fibrinonecrótica e/ou granulomatosa (8/9), enterocolite fibrinonecrótica e/ou granulomatosa (8/9); miocardite necrótica e heterofílica (2/10), pancreatite fibrinonecrótica ou granulomatosa (2/5), osteomielite fibrinoheterofílica (1/10), pericardite fibrinosa e piogranulomatosa (1/10) e esplenite granulomatosa (1/6). Em seis casos houve isolamento de Salmonella enterica, com sorotipificação das subespécies arizonae (3/6), diarizonae (1/6) e houtenae (1/6), além do sorotipo Typhimurium (1/6). Nos casos sem isolamento, houve imunomarcação de Salmonella no intestino (3/4), fígado (1/4) e coração (1/4). A salmonelose mostrou-se uma doença importante de serpentes do gênero Bothrops criadas em cativeiro no Rio Grande do Sul, Brasil. As principais lesões observadas foram hepatites e enterocolites fibrinonecróticas e/ou granulomatosas. Salmonella enterica subsp. arizonae foi a subsespécie mais frequente neste estudo.

Salmonella spp. is a Gram-negative commensal bacteria of reptiles. Snakes may be asymptomatic or manifest clinical disease and death, especially in post-stress moments. A retrospective study was carried out in search of cases diagnosed as salmonellosis between 2011 and 2018 in snakes in the Veterinary Pathology Department of the Federal University of Rio Grande do Sul. After consulting the necropsy protocols, 51 reports of snake necropsies were found. Six cases had a conclusive diagnosis of salmonellosis and four other had compatible lesions with the condition, whose presence of Salmonella spp. was confirmed in the lesions by immunohistochemistry (IHC), thus totaling 10 cases (19.6% of the sample). These cases were reevaluated and the lesions characterized by their morphology. All snakes were from the Bothrops genus, being four B. jararaca, three B. pubescens and three B. alternatus. As for sex, six were females and four males. Regarding age, seven were adults and in three cases age was not included in the report. The most frequent lesions were wasting (8/10), fibrinonecrotic and/or granulomatous hepatitis (8/9), fibrinonecrotic and/or granulomatous enterocolitis (8/9); necrotic and heterophilic myocarditis (2/10), fibrinonecrotic or granulomatous pancreatitis (2/5), fibrinoheterophilic osteomyelitis (1/10), fibrinous and pyranranomatous pericarditis (1/10) and granulomatous splenitis (1/6). In six cases, Salmonella enterica was isolated, with serotyping of the arizonae (3/6), diarizonae (1/6) and houtenae (1/6) subspecies, in addition to the Typhimurium (1/6) serotype. In cases without isolation, there was immunostaining of Salmonella in the intestine (3/4), liver (1/4) and heart (1/4). Salmonellosis proved to be an important disease of captive bred snakes of the Bothrops genus in Rio Grande do Sul State, Brazil. The main lesions observed were fibrinonecrotic and/or granulomatous hepatitis and enterocolitis. Salmonella enterica subsp. arizonae was the most frequent subspecies detected in this study.