Associações entre a exposição a agrotóxicos e o câncer de próstata : uma revisão sistemática

Abstract

Introdução: o câncer de próstata (CaP) é a segunda neoplasia mais frequente no mundo. No Brasil, estima-se que ocorreram 65.840 casos de CaP em 2021, correspondendo a 29,2% dos tumores incidentes em homens. A exposição a vários tipos de agrotóxicos aumenta o risco de diversos tipos de câncer, incluindo o CaP. Muitos desses agrotóxicos ainda são utilizados no Brasil e nos Estados Unidos, sendo que as pessoas que manuseiam os produtos e/ou moram próximas às áreas expostas apresentam maiores riscos de desenvolver câncer. Objetivo: descrever a associação entre a exposição a agrotóxicos e o câncer de próstata. Metodologia: trata-se de uma revisão sistemática da literatura, em que foi utilizada a metodologia PRISMA, sendo registrada no PROSPERO. Resultados: foram selecionados 19 artigos para análise. Após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, os artigos foram publicados nos últimos 10 anos. A exposição ao Brometo de Metila e ao Aldrin está relacionada ao risco de desenvolver o CaP de forma agressiva. O cádmio, mesmo não sendo considerado um agrotóxico, e o Diclorodifenildicloroetileno (DDE) estão relacionados com o surgimento do CaP. Os Bifenilos Policlorados (PCB) não são agrotóxicos, mas também são encontrados no ambiente e não têm associação com o CaP. Em estudo brasileiro encontra-se associação entre o CaP e a exposição a agrotóxicos utilizados. Conclusão: os agrotóxicos estão relacionados com o surgimento do câncer, os estudos selecionados descreveram esta associação. Como limitação do estudo, não foi possível medir a exposição de cada agrotóxico de forma individual, visto que há diferentes modos de exposição através da fabricação, manuseio, aplicação, interação entre agrotóxicos, contato com o solo e água. Os tipos de agrotóxicos variam de acordo com o plantio, podendo um trabalhador estar exposto a diversos tipos de agrotóxicos, sendo necessário mais estudos com os fatores associados ao CaP.