Avaliação da fala e correlação com subtipos motores em pessoas com Doença de Parkinson

Abstract

Base teórica: As alterações de fala são sintomas comuns da Doença de Parkinson, prejudicando a comunicação e causando impacto na qualidade de vida dos pacientes. O efeito dos diferentes subtipos motores da doença e sua relação com as alterações de fala ainda não é claro. Objetivo: Descrever as características de fala entre pacientes com DP com os subtipos motores instabilidade postural (PIGD), tremor dominante (TD), indeterminado (MT) e comparar com controles saudáveis. Métodos: Estudo transversal. Foram incluídas amostras de fala adquiridas de um total de 82 pacientes do Ambulatório de Distúrbios do Movimento do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, divididos em 53 PIGD, 17 TD, 12 indeterminados (Stebbins et al., 2013) e 38 controles saudáveis pareados por sexo e idade. Do total, 24 possuiam DBS. Os critérios de inclusão foram diagnóstico de DP idiopática. Os critérios de exclusão para DP e GC foram indivíduos com história de outros eventos neurológicos prévios, alterações sensoriais que impossibilita a coleta e compreensão das tarefas. A avaliação de fala incluiu: gravação da tarefa de fala, análise acústica e análise perceptiva-auditiva. Foram gravadas amostras de fala com tarefas correspondentes às cinco bases motoras da fala - fonação, respiração, articulação, ressonância e prosódia. A correlação entre os resultados e os dados clínicos foi feita por estatística não paramétrica. Resultados: Foram investigados um total de 120 indivíduos, sendo 82 pacientes de DP e 38 controles saudáveis, com idade média de 63.82 (± 11.15). Nenhuma correlação significativa foi encontrada na análise dos subtipos entre si. Entretanto, algumas correlações significativas foram encontradas na análise estatística quando comparado o GC com os subtipos: variável número de sílabas para a comparação dos subtipos indeterminado x GC (p=0.033), variável duração para os subtipos indeterminado x GC (p=0.049), variável número de pausas para os subtipos PIGD x GC (p=0.013), variável phonationrate para os subtipos PIGD x GC (p=0.001), variável speechrate para os subtipos PIGD x GC (p=0.003). Nenhuma correlação significativa foi encontrada entre TD e GC. Quando analisada a correlação entre as variáveis clínicas e a análise acústica dos pacientes com DP, foi encontrada uma correlação negativa significativa entre o tempo de DBS e o número de pausas (p=0.013, r=- 5 0.449). Conclusão: Embora o subtipo PIGD tenha evolução motora diferente dos demais, em relação ao perfil articulatório da fala dos pacientes, não houve diferença entre os subtipos, mostrando que, embora a disartria seja a produção motora da fala, não acompanha as alterações motoras dos pacientes.

Background: Dysarthria is one of the most common symptoms of Parkinson's Disease, negatively impacting patients' quality of life. The impact of different motor subtypes of the disease on speech disorders such as dysarthria is still unclear. Objectives: Compare speech characteristics between PD patients with the motor subtypes postural instability/gait difficulty (PIGD), tremor-dominant (TD) and mixed type (MT) and health controls. Methods: Cross-sectional study. Were included speech samples acquired from a total of 82 patients from Movement Disorders Ambulatory of HCPA, divided between 53 PIGD, 17 TD, 12 indeterminate (Stebbins et al., 2013) and 38 healthy controls matched for gender and age. Of them all, 24 had DBS. The inclusion criteria were diagnosis of idiopathic DP, interested in participating and able to provide informed consent. The exclusion criteria for both groups were individuals with a history of other previous neurological events, any sensory or motor disorders that forbid the tests from being performed, systemic diseases and/or structural changes that affected the voice and/or speech. The speech assessment of both groups included: speech task recording, acoustic analysis and auditory-perceptual analysis. The correlation between the test results and clinical data was verified by non-parametric statistics. Results: A total of 120 patients were investigated, 82 with PD and 38 healthy controls, with a mean age of 63.82 ± 11.15. A statistical analysis was performed searching for correlation between the known subtypes and the GC. No significant correlation was found in the analysis of the subtypes among them. However, some significant correlations were found when comparing the GC with the subtypes: number of syllables: indeterminate x GC (p=0.033), duration: indeterminate x GC (p=0.049), number of pauses: PIGD x GC (p=0.013) phonationrate: PIGD x GC (p=0.001), speechrate: PIGD x GC (p=0.003). No significant correlation was found between TD and GC. When analyzing the correlation between clinical variables and the acoustic analysis of patients with PD, a significant negative correlation was found between DBS time and the number of pauses (p=0.013, r=-0.449). Conclusions: Although the PIGD subtype has a different evolution from the other subtypes, the articulatory profile does not differ, showing that, although dysarthria is the motor production of speech, it does 7 not go together with the patients' motor alterations.