Educação filosófica, crítica!? : a filosofia como disciplina do currículo de 2º grau
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Data
1997Autor
Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Resumo
A filosofia esteve ausente dos currículos de 2° grau das escolas brasileiras durante quase todo o período da ditadura pós golpe de 1964, que se estendeu dali até os anos 80. Com a abertura política, os professores realizaram um movimento pelo retorno da disciplina a esse nível de ensino, do qual emergiu um discurso sobre o ensino de filosofia como ensino do filosofar, justificando que a democracia requer a formação da consciência crítica dos cidadãos e que filosofar é criticar. Subsidiando esse ...
A filosofia esteve ausente dos currículos de 2° grau das escolas brasileiras durante quase todo o período da ditadura pós golpe de 1964, que se estendeu dali até os anos 80. Com a abertura política, os professores realizaram um movimento pelo retorno da disciplina a esse nível de ensino, do qual emergiu um discurso sobre o ensino de filosofia como ensino do filosofar, justificando que a democracia requer a formação da consciência crítica dos cidadãos e que filosofar é criticar. Subsidiando esse discurso foram realizadas algumas pesqutsas entre alunos e professores de algumas poucas escolas que mantiveram a disciplina, para saber da realidade do seu ensino. A opinião era quase unânime de que a filosofia desperta o raciocínio e o pensamento crítico e ajuda a superar momentos de crise. Só que a idéia de crítica estava diretamente vinculada à idéia de reflexão livre da razão de um sujeito consciente, capaz de construir uma concepção própria do mundo e da vida e, com isso, negar o que lhe é dado de fora, ideologicamente. Claramente uma concepção moderna, iluminista de filosofia. Entretanto, a crítica filosófica não se restringe à negação da ideologia, A negação da ideologia pode ser, antes, uma conseqüência da crítica filosófica que, aliás, em alguns casos, pode até afirmar a ideologia, na medida em que é crítica dos princípios e valores que norteiam a vida humana em geral. Isso porque quem filosófa é um ser humano e, portanto, pode muito bem, na sua reflexão, aceitar determinados princípios e valores ligados à ideologia, isto é, pode muito bem produzir uma filosofia que seja ela mesma uma ideologia. Mas criticar não é apenas uma atitude de negação. A negação é apenas o primeiro impulso para a crítica, que, no final, tem de ser afirmativa. A simples negação não cria nova vida. Uma crítica completa, portanto, tem de ser feita sob critérios dados, isto é, é preciso saber onde se quer chegar. A crítica filosófica, por sua vez, não acontece senão sobre os próprios critérios dados pela filosofia (princípios e valores). Assim, o filosofar, mais do que criticar, é uma atitude legisladora e moralizadora, no sentido de oferecer os critérios para uma crítica ideológica ou da ideologia. Por isso, não podemos ensinar, senão apenas habituar alguém na linguagem filosófica. Nessa perspectiva, ensinar a filosofar e a criticar toma-se um problema filosófico para o professor de filosofia que terá de ser, mais que um professor e especialista, um filósofo e um crítico das filosofias precedentes e dos hábitos presentes de pensar e de agir. ...
Résumé
La philosophie a été absente des curriculums des écoles secondaires brésiliennes pendant presque toute la période de la dictature aprés de coupe d'État le 1964, que s'est prolongé de cette période jusqu' aux années 80. A l'occasion de l'ouverture politique, les professeurs ont réalisé un mouvement pour le retour de cette discipline à ce niveau d'enseignement, d'oú a emergé un discours sur l'enseignement de la philosophie en tant qu'un enseignement de l'acte de philosopher justifiant que la démo ...
La philosophie a été absente des curriculums des écoles secondaires brésiliennes pendant presque toute la période de la dictature aprés de coupe d'État le 1964, que s'est prolongé de cette période jusqu' aux années 80. A l'occasion de l'ouverture politique, les professeurs ont réalisé un mouvement pour le retour de cette discipline à ce niveau d'enseignement, d'oú a emergé un discours sur l'enseignement de la philosophie en tant qu'un enseignement de l'acte de philosopher justifiant que la démocracie demande la formation de la conscience critique de citoyens, et que philosopher c'est critiquer. Pour renforcer ce discours, des enquêtes ont été realisées aupres des professeurs et des éleves de quelques écoles lesquelles ont maintenu cette discipline, afin de conna'itre la réalité de leur enseignement. L'opinion que la philosophie fait éveiller Ie raisonnement et la pensée critique et aussi qu'elle aide à surmonter les moments de crise, a été presque unanime. Toutefois l'idée de critique était tout à fait attachée à l'idée de la libre réflexion de la raison d'un sujet conscient, apte à construire une conception propre du monde et de la vie er, ainsi, nier tout ce que lui est donné du dehors, idéologiquement. Justement une conception modeme, iluministe de la philosophie. Pourtant, la critique philosophique ne se restreint pas à la négation de l'idéologie. La négation de l'idéologie peut être plutôt une conséquence de la critique philosophique qui, d'ailleurs, peut, suivant les cas, justement affirmer l'idéologie autant qu'elle est critique des principes et des valeurs qui dirigent la vie humaine en géneral. Et ela parce que c'est l'être humain qui philosophe; donc, dans sa réflexion, il peut bien accepter certains principes et certains valeurs attachés à l'idéologie, c'est-à-dire il peut bien produire une philosophie qui soit elle même une idéologie. Mais critiquer n' est pas seulement une attitude de négation. La négation n' est que la premiere poussée vers la critique, qui, à la fin, doit être affirmative. La seule négation ne crée pas de nouvelle vie. Donc une critique complete doit être faite suivant des criteres donnés; il faut savoir ou I' on veut arriver. Pour sa part, la critique philosophique ne s'effectue que sur des criteres propres, donnés par la philosophie (principes et valeurs). Or, l'acte de philosopher, plus que de critiquer, est une attitude législatrice et moralisatrice, dans le sens de founir les criteres à une critique idéologique ou de l'idéologie. C'est parce que nous ne pouvons pas enseigner, mais simplement habituer quelqu 'un au langage philosophique. Dans cette perspective enseigner à philosopher et à critiquer devient un probleme philosophique pour le professeur de philosophie que, au delá d'un professeur et specialiste, devra être un philosophe et un critique des philosophie précedent et des habitudes actuelles de penser et d'agir. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação.
Coleções
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