A escola moralizada : um encontro com a antropologia da educação no Brasil

Abstract

Este Trabalho de Conclusão de Licenciatura investiga a afirmação de que a Antropologia da Educação encontra-se em um atual processo de consolidação dentro da Antropologia brasileira há mais de 30 anos. A maior parte das referências especializadas atribui a dificuldade de consolidação ao uso equivocado da etnografia em análises voltadas para a educação escolar, método de pesquisa qualitativa consagrado na Antropologia. Foram empregadas duas etapas para pesquisar essa problemática: a primeira, observação participante e etnografia realizadas em duas escolas urbanas de Porto Alegre e, como segunda, revisão de literatura das pesquisas consolidadas da área. Como resultado, foi encontrada a presença de uma moral tácita compartilhada entre antropólogas/os da educação que concebe um ideal do que é a escola e do que ela deveria ser. Isso torna as pesquisas da área enraizadas na denúncia de uma escola “ruim” e prescritoras de modelos de escola “boa” por intermédio dos benefícios do envolvimento da Antropologia na educação formal. Os aspectos encontrados na pesquisa de campo da autora, mostram características heterogêneas da escola que acabam sendo excluídas da análise pela pesquisa ser induzida por posições morais das/os antropólogas/os da educação.

This Degree Completion Work investigates the claim that the Anthropology of Education has been in a current process of consolidation within Brazilian Anthropology for over 30 years. Most of the specialized references attribute the difficulty of consolidation to the mistaken use of ethnography in analyses focused on school education, a qualitative research method established in Anthropology. Two stages were used to research this problem: the first, participant observation and ethnography carried out in two urban schools in Porto Alegre and, second, a literature review of consolidated research in the area. As a result, it was found the presence of a tacit morality shared among anthropologists of education that conceives an ideal of what the school is and what it should be. This makes research in the area rooted in the denunciation of a “bad” school and prescribers of models of a “good” school through the benefits of the involvement of Anthropology in formal education. The aspects found in the author's field research show heterogeneous characteristics of the school that end up being excluded from the analysis because the research is induced by moral positions of the anthropologists of education.