Recursos didáticos digitais na alfabetização : experiências no programa residência pedagógica - subprojeto pedagogia durante a pandemia de covid-19

Abstract

Este trabalho objetiva analisar os recursos didáticos digitais produzidos para alfabetizar crianças de uma turma de 1º ano do Ensino Fundamental pelas residentes do Programa Residência Pedagógica - subprojeto Pedagogia (CAPES/UFRGS 2020-2022). Tendo em vista a implementação do ensino remoto nas escolas devido à pandemia de covid-19, a partir de 2020, o subprojeto Pedagogia teve seu trabalho desenvolvido totalmente de forma remota. Assim, o problema de pesquisa foi delineado para a seguinte questão: como podem ser caracterizados os recursos didáticos digitais produzidos pelas residentes para alfabetizar no ensino remoto em turmas de 1º ano do ensino fundamental? Metodologicamente, a pesquisa realizou dois movimentos: o primeiro consistiu em uma entrevista grupal com 3 residentes, gerando o primeiro material empírico do trabalho, que consistiu na transcrição da entrevista; o segundo movimento foi a análise dos planos de aula e recursos didáticos digitais produzidos por 3 residentes com foco na alfabetização. A pesquisa dispôs de 27 planos de aula e 20 recursos didáticos para análise. Referente ao seu respaldo teórico, o trabalho dialoga com autores como Magda Soares, Artur Gomes de Morais, Alexsandro da Silva, Carla Coscarelli, Daniele Pampanini Dias e Ana Luiza Bustamante Smolka, Luciana Piccoli e Patrícia Camini. Foram organizados dois eixos de análise: 1) características dos recursos didáticos digitais produzidos pelas residentes; e 2) possibilidades de desenvolvimento da consciência fonológica e de compreensão do princípio alfabético a partir desses recursos. As evidências mapeadas apontaram alguns aspectos relevantes, como: 1) a principal plataforma digital utilizada para o desenvolvimento dos recursos foi o Canva, seguido por Wordwall e Google Jamboard; 2) os jogos foram um dos principais recursos produzidos para desenvolvimento da compreensão do sistema de escrita alfabética; 3) apesar da qualidade dos recursos produzidos, foi notável que os planejamentos poderiam propor mais a sistematização individual pelas crianças também durante as aulas síncronas; 4) a dificuldade em mediar pedagogicamente as atividades de forma efetiva foi um fator que limitou o trabalho desenvolvido pelas residentes; 5) grande parte das habilidades previstas na BNCC para o 1º ano, com foco no desenvolvimento da consciência fonológica e do princípio alfabético, foram contempladas nos recursos didáticos analisados. Os resultados permitiram inferir que o ensino remoto diverge do ensino presencial em inúmeros aspectos, sendo um dos mais relevantes o fato de não poder atender às demandas de cada aluno individualmente. Apesar de ser possível produzir atividades e recursos que contemplem habilidades previstas na BNCC, entende-se que o formato das aulas remotas limitam significativamente os avanços dos alunos na alfabetização. Além disso, a pesquisa também contribuiu para que, cada vez mais, seja compreendida a necessidade de atrelar aos recursos didáticos uma mediação que potencialize e favoreça as aprendizagens das crianças.