O ensino da língua e cultura chinesa como ferramenta de soft power : o caso do Instituto Confúcio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Abstract

O Instituto Confúcio, apresentado pelo Governo chinês como um projeto não governamental e sem fins lucrativos, foi criado com o objetivo de promover o entendimento mútuo e a amizade entre a China e os países estrangeiros, assim como a cooperação nas áreas da cultura, ciência e tecnologia. Além do ensino da língua, o Instituto foca também no ensino da cultura chinesa e como essa se manifesta dentro da sociedade, além de oferecer bolsas de estudo. A Hanban está associada ao Ministério da Educação, e é o órgão executivo responsável pela administração dos Institutos. Ao contrário do que é divulgado pela organização, existem evidências que conectam ações de interferência do governo chinês à administração da instituição. A criação dos Institutos Confúcio e o posterior estabelecimento dessas unidades de ensino ao redor do globo gerou um questionamento a respeito do propósito e objetivo da instituição, tendo em vista o crescente protagonismo chinês no cenário mundial. Levando em consideração esse panorama, o objetivo desse trabalho é sondar, entre estudantes que ingressam no IC, como a sua visão sobre o país China se alterou, ou não, após iniciar os estudos na Instituição. A hipótese levantada é a de que os alunos têm sua visão sobre o país influenciada de maneira positiva pelo Instituto Confúcio, através das aulas e atividades culturais oferecidas. Embasado pela teoria liberal e pelo conceito de soft power de Joseph Nye, assim como pelo conceito de soft power com características chinesas de Yu Xintian e Yan Xuetong, esse trabalho buscará compreender como o ensino da cultura e da língua chinesa pelo Instituto Confúcio são utilizados como ferramenta de soft power no caso do Instituto Confúcio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul por meio de pesquisa empírica quantitativa e qualitativa.

The Confucius Institute, presented by the Chinese government as a non-governmental and nonprofit project, was established with the aim of promoting mutual understanding and friendship between China and foreign countries, as well as cooperation in the areas of culture, science, and technology. In addition to language teaching, the Institute also focuses on teaching of Chinese culture and how it manifests itself within society. Hanban is associated with the Ministry of Education and is the executive body responsible for the administration of the Institutes. Contrary to what is publicized by the organization, there is evidence that connects the Chinese government to the administration of the institution. The creation of the Confucius Institutes and the subsequent establishment of these teaching units around the globe has generated doubts regarding the purpose and objective of the institution, mostly because of the growing Chinese protagonism in international affairs. Considering this panorama, the goal of this work is to probe, among students who enter the IC, how their view of China changed, or not, after beginning their studies in the Confucius Institutes. The hypothesis is that the students' view of the country is positively influenced by the Confucius Institute through the classes and cultural activities offered. Based on the liberal theory and Joseph Nye's concept of soft power, as well as on the concept of soft power with Chinese characteristics by Yu Xintian and Yan Xuetong, this paper will seek to understand how the teaching of Chinese culture and language by the Confucius Institute is used as a soft power tool. The paper analyses the case of the Confucius Institute of the Federal University of Rio Grande do Sul through quantitative and qualitative empirical research.