A questão do Ser no jornalismo: diferença ontológica e sentidos de materialidade em reconfiguração
Visualizar/abrir
Data
2021Autor
Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
Motivada pela questão heideggeriana do ‘ser’ e pelas transformações no ambiente midiático, esta tese questiona o ‘sentido de ser’ do jornalismo como fenômeno social na atualidade. Nas décadas de 1920 e 1930, Martin Heidegger provocou uma inflexão na filosofia ao recolocar a milenar ‘questão do ser’ e problematizar os pilares do pensamento ocidental. Com essa perspectiva, discorre-se sobre os sentidos discursivos que atravessaram ontológica e epistemologicamente os estudos de jornalismo. Argumen ...
Motivada pela questão heideggeriana do ‘ser’ e pelas transformações no ambiente midiático, esta tese questiona o ‘sentido de ser’ do jornalismo como fenômeno social na atualidade. Nas décadas de 1920 e 1930, Martin Heidegger provocou uma inflexão na filosofia ao recolocar a milenar ‘questão do ser’ e problematizar os pilares do pensamento ocidental. Com essa perspectiva, discorre-se sobre os sentidos discursivos que atravessaram ontológica e epistemologicamente os estudos de jornalismo. Argumenta-se que o contexto de midiatização profunda da sociedade (COULDRY; HEPP, 2017) joga luz sobre as transformações nas materialidades, físicas e simbólicas, do jornalismo, caracterizadas por sentidos discursivos de ‘distanciamento’ e ‘mediação do acesso’. Estes são constitutivos da ‘autoridade jornalística’ (CARLSON, 2017) desde suas origens até o declínio do jornalismo industrial e ascensão do pós-industrial (ANDERSON; BELL; SHIRKY, 2013). Em suas condições históricas, o ‘ser’ do jornalismo ‘entificou-se’ em representações como ‘interesse público’, ‘democracia’, ‘conhecimento’, ‘verdade’, ‘fatos’, ‘poder’ e outras expressões que fundamentam valores e embasam seu status ontológico nas sociedades. No ambiente informacional contemporâneo, entretanto, os elementos de ‘mediação do acesso’ - tanto dos indivíduos aos ‘acontecimentos’ e às fontes de informação quanto destas aos públicos - já não autoevidentes. Diante das mudanças, formula-se como hipótese de trabalho a reconfiguração de sentidos de aproximação e distanciamento no ‘dever ser’ da profissão e na afirmação da autoridade jornalística. A título de ilustração da manifestação empírica desse debate filosófico, realiza-se análise discursiva de newsletters das organizações nativas digitais Matinal Jornalismo e The Intercept Brasil. Nelas, associa-se o uso de funções metalinguísticas, pelas quais a autoridade jornalística é performada, à construção de novas materialidades, especificamente relacionadas a sentidos de formação de comunidades de leitores motivados a dar suporte econômico às organizações. Entende-se, assim, que a abertura de possibilidades de ‘sentidos de ser’ enseja a pertinência de discussões que compreendam a diferença heideggeriana entre ‘ser’ e ‘ente’ e tensionem a metafísica do jornalismo. ...
Abstract
Motivated by the Heideggerian question of 'being' and by the changes in the media environment, this thesis questions the 'sense of being' of journalism as a social phenomenon today. In the 1920s and 1930s, Martin Heidegger provoked an inflection in philosophy by reinstating the age-old ‘question of being’ and problematizing the pillars of western thought. With this perspective, we discuss the discursive meanings that have crossed ontologically and epistemologically the studies of journalism. It ...
Motivated by the Heideggerian question of 'being' and by the changes in the media environment, this thesis questions the 'sense of being' of journalism as a social phenomenon today. In the 1920s and 1930s, Martin Heidegger provoked an inflection in philosophy by reinstating the age-old ‘question of being’ and problematizing the pillars of western thought. With this perspective, we discuss the discursive meanings that have crossed ontologically and epistemologically the studies of journalism. It is argued that the context of deep mediatization of society (COULDRY; HEPP, 2017) sheds light on the transformations in the materialities, physical and symbolic, of journalism, characterized by discursive meanings of 'distance' and 'mediation of access'. These are constitutive of ‘journalistic authority’ (CARLSON, 2017) from its origins to the decline of industrial journalism and the rise of post-industrial journalism (ANDERSON; BELL; SHIRKY, 2013). In its historical conditions, the 'being' of journalism was 'entified' in representations such as 'public interest', 'democracy', 'knowledge', 'truth', 'facts', 'power' and other expressions that underlie values and underpin its ontological status in societies. In the contemporary informational environment, however, the elements of 'mediation of access' - both from individuals to 'events' and sources of information and from these to publics - are no longer selfevident. Faced with the changes, the reconfiguration of meanings of approximation and detachment in the 'should be' of the profession and in the affirmation of journalistic authority is formulated as a working hypothesis. As an illustration of the empirical manifestation of this philosophical debate, a discursive analysis of newsletters from native digital organizations Matinal Jornalismo and The Intercept Brasil is carried out. In them, the use of metalinguistic functions, through which journalistic authority is performed, is associated with the construction of new materialities, specifically related to meanings of gathering communities of readers motivated to give economic support to organizations. It is understood, therefore, that the opening of possibilities of 'senses of being' gives rise to the relevance of discussions that understand the Heideggerian difference between 'being' and 'beings' and tension the metaphysics of journalism. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação. Programa de Pós-Graduação em Comunicação.
Coleções
-
Ciências Sociais Aplicadas (6071)Comunicação e Informação (598)
Este item está licenciado na Creative Commons License