As questões alimentares e agenda eleitoral : uma análise das propostas dos(as) candidatos(as) a prefeito(a) nas capitais brasileiras, nas eleições municipais de 2020

Abstract

As questões alimentares representam um desafio para a humanidade no século XXI. A construção de sistemas alimentares sustentáveis, a segurança alimentar e nutricional e o abastecimento alimentar são questões latentes e que ficaram mais evidentes durante a Pandemia de Covid-19 em 2020. No Brasil, de 2018 a 2020, houve um aumento de nove milhões de brasileiros com insegurança alimentar grave, totalizando 19,1 bilhões de pessoas em situação de fome no país. Neste contexto, esse trabalho buscou analisar o tratamento dado às questões alimentares nas agendas eleitorais dos(as) candidatos(as) a prefeito(a) nas capitais brasileiras, nas eleições municipais de 2020. A coleta de dados foi realizada a partir das 320 “Propostas de Governo”, documento exigido pelo Tribunal Superior Eleitoral no registro das candidaturas e que fica disponível na plataforma DivulgaCand. Por meio da análise foi possível identificar que 84% das candidaturas citaram o tema, 83% propuseram sobre e, a partir da média nacional de propostas por candidato(a) igual a 7, estipulou-se que 46% citaram pontualmente a questão; 37% conferiram tratamento expressivo; e 13% trataram o tema em uma seção à parte no plano de governo. Também observamos que todos os partidos que disputaram a eleição abordaram as questões alimentares. Constatou-se que, embora a premência das questões alimentares, nem todos os candidatos incorporaram tais preocupações em sua agenda eleitoral, ainda que manifestas por todos os Partidos que disputaram o executivo nas capitais. Os eixos temáticos abordados foram diversos, sendo os mais mencionados pelos(as) candidatos(as) a agricultura familiar, alimentação escolar, agronegócio, infraestrutura de produção (máquinas, equipamentos, manutenção de vias para escoamento), assistência técnica, organização socioeconômica (cooperativas/associações), hortas comunitárias, formas de aquisição e comercialização de alimentos, educação alimentar, promoção da alimentação adequada e saudável; agroecologia e participação popular por meio de conselhos municipais. Em relação às candidaturas eleitas, 73% destas abordaram o tema da alimentação, 42% conferiram tratamento expressivo, 31% abordaram pontualmente e 27% não apresentaram propostas sobre. Os dados coletados indicaram também divergência entre as regiões quanto à abordagem das questões alimentares e diferenças internas entre candidatos(as) de uma mesma sigla.

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