Agricultura familiar : uma mediação significativa ao diálogo entre ciência e sociedade

Abstract

Ao longo de sua história, e na forma como se configura hoje, a ciência tem se debatido com o complexo desafio relacionado à difusão e comunicação dos conhecimentos produzidos. Não é uma tarefa simples, pois exige diversos aprendizados que nem sempre são incluídos na formação inicial e profissional dos sujeitos, assim como recursos, empenho em aprender e agir para além do que é nosso trabalho rotineiro. No entanto, considerando o cenário nacional e internacional de desvalorização de princípios científicos e educativos, é uma tarefa necessária e urgente, já que o lugar melhor para pensar como se comunicar com a sociedade é estando junto dela, imergindo em seus processos de elaboração e construção do conhecimento. Entre os conceitos já difundidos de comunicação científica, o presente trabalho adotou a popularização científica como o mais pertinente, por seu caráter inclusivo das vozes populares e dos movimentos sociais na avaliação dos processos científicos, pensando a partir de seus próprios conhecimentos e contextos de vida. Ancorado neste conceito selecionou-se um grupo de agricultores familiares para realizar os diálogos e processos investigativos, com base nos critérios de relevância social, de proximidade e convívio com diversos objetos de estudo das ciências biológicas no meio rural e de coerência com o objeto desta pesquisa. Objetivou-se identificar as linguagens popular/cotidiana e científica em narrativas de agricultores familiares, a fim de compreender seus entrelaçamentos, relações constitutivas e seus efeitos quanto à potência da comunicação. Através das análises dos resultados obtidos, estabeleceu-se uma compreensão objetivada que reconhece a presença de conexões entre as linguagens e suas fundamentais contribuições para o processo de diálogo entre ciência, educação e sociedade, incluindo futuras maneiras de popularizar a ciência. Aqui, evidencia-se o início de um processo de diálogo, o de conhecer e apresentar-se aos agricultores, gerando a possibilidade de novas pontes em frente.