Crescimento pós-traumático de mães na perinatalidade em situações de malformação congênita fetal

Abstract

Malformações congênitas fetais caracterizam-se por anormalidades estruturais e/ou funcionais no desenvolvimento intrauterino que tendem a afetar a viabilidade e qualidade de vida do bebê, e seu diagnóstico costuma gerar um importante impacto emocional na gestante. Contudo, poucos estudos abordam aspectos emocionais construtivos nesse contexto, como o crescimento pós-traumático, caracterizado por mudanças positivas no funcionamento emocional do indivíduo derivadas de uma vivência traumática. Assim, o objetivo deste estudo é compreender o crescimento pós-traumático durante a fase perinatal de mães com bebês com malformação congênita fetal. Trata-se de um estudo longitudinal e exploratório de delineamento misto, aplicando-se o estudo de casos múltiplos. Participaram três mães acompanhadas no pré-natal de alto risco da equipe de medicina fetal de um hospital público e de ensino do sul do país. A coleta de dados se deu durante o pré-natal – através de dados sociodemográficos e clínicos, avaliação breve de saúde mental e entrevista sobre a gestação e a descoberta do diagnóstico – e na alta do bebê – aplicando-se a entrevista de crescimento pós-traumático perinatal e o Inventário de Crescimento Pós-Traumático (PTGI-B). Os dados passaram por análise de conteúdo, sendo explorados em categorias derivadas dos fatores de crescimento pós-traumático. Percebeu-se que as participantes desenvolveram crescimento pós-traumático em todos os fatores deste constructo, com semelhanças e diferenças entre si, demonstrando o quanto essa experiência é singular e subjetiva. Espera-se que este estudo possa ampliar a visão da maternidade de um bebê com malformação congênita, reconhecendo-a também como uma vivência de ressignificação e estruturação emocional para a mãe.

Congenital fetal malformations are characterized by structural and/or functional abnormalities in intrauterine development that tend to affect the baby's viability and quality of life, and their diagnosis usually generates an important emotional impact on the pregnant woman. However, few studies address constructive emotional aspects in this context, such as posttraumatic growth, characterized by positive changes in the individual's emotional functioning derived from a traumatic experience. Thus, the aim of this study is to understand posttraumatic growth during the perinatal period of mothers with babies with congenital fetal malformations. It is a longitudinal and exploratory study of mixed design, applying the study of multiple cases. Three mothers followed in high-risk prenatal care from the fetal medicine team of a public teaching hospital in the south of the country participated. Data collection took place during prenatal care – through sociodemographic and clinical data, brief mental health assessment and interview about pregnancy and the discovery of the diagnosis – and at the baby's discharge – applying the perinatal posttraumatic growth interview and the Posttraumatic Growth Inventory (PTGI-B). The data pass through content analysis, being explored in categories derived from posttraumatic growth factors. It was noticed that the participants developed posttraumatic growth in all factors of this construct, with similarities and differences between them, demonstrating how this experience is unique and subjective. It is hoped that this study can broaden the view of motherhood for a baby with congenital malformation, recognizing it as an experience of resignification and emotional structuring for the mother.