Presença feminina na direção de estabelecimentos agropecuários no campo brasileiro : uma análise de perfil e evolução de variáveis entre os censos agropecuários de 2006 e 2017

Abstract

A mulher no campo brasileiro sofre com discriminações específicas, oriundas da perpetuação da divisão sexual do trabalho. Uma das principais reivindicações e entraves ao empoderamento destas mulheres no campo é o difícil acesso à terra pelas mesmas. Neste sentido, o presente trabalho tem por objetivo analisar a presença feminina no campo como dirigentes de estabelecimentos agropecuários a partir dos dados do Censo Agropecuário 2017 e do Censo Agropecuário 2006. Também se fazem objetivos específicos contextualizar sobre a posição social da mulher no campo, traçar o perfil feminino no campo brasileiro e verificar a presença feminina como dirigentes de estabelecimentos agropecuários entre os anos de 2006 e 2017. Como procedimentos metodológicos foi realizada a análise de variáveis dos Censos Agropecuários de 2006 e 2017 por regiões brasileiras e fazendo o recorte por tipologia e gênero. Também foi realizada uma pesquisa bibliográfica na linha da economia rural e feminista. Conclui-se que ainda hoje seguem algumas tendências há muito identificadas neste setor, pois as mulheres têm pouca representatividade no percentual de estabelecimentos agropecuários brasileiros. Ainda, estes são em sua maioria pertencentes a classificação de agricultura familiar e possuem poucos hectares de terras. Também, são as mulheres as principais responsáveis pela produção de autoconsumo no campo e os dados analisados para escolaridade, classes de idade e ocupação femininas corroboram a análise de uma maior evasão de mulheres jovens do campo. Por fim, a análise comparativa entre os Censos Agropecuários de 2006 e 2017, para a variável áreas (hectares) dos estabelecimentos agropecuários, revelam que para todas as regiões brasileiras houve aumento dos hectares dirigidos por mulheres bastante superiores aos masculinos. Este resultado corrobora para uma perspectiva otimista de uma possível evolução do empoderamento destas mulheres.

Women in the Brazilian countryside suffer from specific discrimination arising from the perpetuation of the sexual division of labor. One of the main demands and obstacles to the empowerment of these women in rural areas is their difficult access to land. In this sense, the present work aims to analyze the female presence in the countryside as managers of agricultural establishments based on data from the 2017 Agricultural Census and 2006 Agricultural Census. Are also specific objectives to contextualize the social position of women in the countryside, trace the female profile in the Brazilian countryside and verify the female presence as managers of agricultural establishments between 2006 and 2017. As methodological procedures, the analysis of variables of the Agricultural Census of 2006 and 2017 by Brazilian regions and by typology and gender. Also, bibliographical research was carried out in the lines of rural and feminist economics.It is concluded that some trends that have been identified in this sector still follow today. Women have little representation in the percentage of Brazilian agricultural establishments. Furthermore, these are mostly classified as family farming and have a few hectares of land. Also, women are the main responsible for the production of self-consumption in the countryside and the data analyzed for schooling, age groups and female occupation corroborate the analysis of greater evasion of young rural women. Finally, the comparative analysis between the 2006 and 2017 Agricultural Censuses, for the variable areas (hectares) of agricultural establishments, reveals that for all Brazilian regions there was a percentage increase in hectares managed by women, much higher than by men. This result supports an optimistic perspective of a possible evolution of the empowerment of these women.