Moda, política e gênero : nuances de rosa e azul para crianças

Abstract

Nos últimos anos, emergiram discussões sobre gênero, sexo e sexualidade que adentraram o discurso político e a opinião pública, de tal forma que a moda foi discutida por seu papel simbólico nas performances de gênero. A divisão das cores rosa e azul em cores especificamente designadas para menina e para menino contribuiu para uma discussão maior que envolve identificar as visões de gênero e suas construções políticas. Para isso, parti do olhar de mães para pensar como se dá o ato de vestir uma criança, e refletir sobre a comparação e a divisão dos gêneros tendo a moda infantil e seus elementos acionados como marcadores sociais. Em termos teóricos, parti das definições de gênero e sexualidade de Judith Butler e Thomas Laqueur, e de moda e consumo de Daniel Miller para desenvolver minhas análises. Além disso, também levei em consideração a discussão contemporânea sobre “ideologia de gênero”, moda agênero e a história do rosa e azul. O método de coleta dos relatos concedidos por mães de bebês foi a entrevista semi-estruturada. A escolha das mães se deu por possibilitarem a entrada no universo da moda infantil generificada que procuramos debater. Em virtude das limitações de tempo e o pequeno número de interlocutoras contactadas, as análises concebidas são restritas e não podem ser lidas como conclusões universalizantes. Elas provaram, contudo, serem frutíferas pois demonstram que existe uma forte associação das cores com elementos generificados na moda, em especial no que diz respeito a afirmações e/ou suspeitas de hétero e homossexualidade.

In recent years, discussions about gender, sex and sexuality have emerged that have penetrated political discourse and public opinion, in such a way that fashion was discussed for its symbolic role in gender performances. The division of pink and blue colors into colors specifically designed for girls and boys contributed to a larger discussion that involves identifying gender views and their political constructions. Because of this, I started from the perspective of mothers to think about how the act of dressing a child takes place, and to reflect on the comparison and division of genders, having children's fashion and its elements activated as social markers. In theoretical terms, I used the definitions of gender and sexuality by Judith Butler and Thomas Laqueur, and of fashion and consumption by Daniel Miller to develop my analyses. Furthermore, I have also taken into account the contemporary discussion of “gender ideology”, gender fashion, and the history of pink and blue. The method of collection of reports given by mothers of babies was the semi-structured interview. The choice of mothers was made because they allowed entry into the universe of gendered children's fashion that we are trying to debate. Due to time constraints and the small number of interlocutors contacted, the analyzes conceived are restricted and cannot be read as universalizing conclusions. They proved, however, to be fruitful as they demonstrate that there is a strong association of colors with gendered elements in fashion, especially with regard to statements and/or suspicions of heterosexuality and homosexuality.