Ser ou não ser, afinal o que se é? um estudo sobre biologia essencialista e heteronormatividade no ensino de ciências no viés da LGBTfobia institucionalizada

Abstract

Atualmente estão ocorrendo problematizações quanto à subjetivação dos sujeitos diante à orientação sexual e as diversas identidades de gênero existentes. Entretanto, a heteronormatividade ainda é utilizada como um fator determinante no ensino de Ciências e Biologia. Um dos fatores contribuintes para que a prática docente permeia dessa forma é a biologia essencialista, que normatiza e reduz todas as relações e as identidades ao masculino (homem) e ao feminino (mulher), todos em padrões cisgêneros. Para essa teoria, apenas dessa maneira os sujeitos são considerados normais ou aceitos na sociedade. A presente pesquisa tem como objetivo geral investigar o conhecimento de professores de Ciências e Biologia sobre diversidade sexual e identidade de gênero em duas escolas municipais e três escolas estaduais na cidade de Pelotas/RS, descrever os conhecimentos, atitudes e práticas dos professores de ciências e biologia quanto à temática, investigar de que forma a educação sexual é trabalhada pelos professores/as nas unidades de ensino de Pelotas/RS e identificar a presença e utilização de materiais didático pedagógicos que dialoguem com o tema orientação sexual e identidade de gênero nas escolas. Levando em consideração os objetivos do presente trabalho, o enfoque metodológico escolhido possui um caráter predominantemente interpretativo, caracterizado como uma pesquisa qualitativa, com vistas a investigar os desdobramentos do tema educação e diversidade sexual no contexto educacional da cidade de Pelotas no estado do Rio Grande do Sul. Para tal, utilizamos como método de investigação entrevistas de profundidade com professoras de instituições de ensino estaduais e municipais. Os resultados emergem evidenciando que os padrões de gêneros estabelecidos socialmente e a compatibilidade com o sexo biológico são prerrogativas que são negligenciadas nas escolas, embora apareça, de forma superficial, em algumas habilidades da BNCC o conhecimento da pluralidade da sexualidade humana, muitos são os tabus acerca desse tema, como vimos anteriormente, há um reforço político no Congresso que permite o enraizamento dessa estrutura hegemônica. Outro apontamento relevante se dá pela invisibilidade desse tema nos cursos de formação inicial de professores, aderindo a uma dificuldade direta na compreensão da temática orientação sexual e identidade de gênero.

Currently there are problems regarding the subjectivation of subjects in relation to sexual orientation and the various existing gender identities. However, heteronormativity is still used as a determining factor in the teaching of science and biology. One of the factors contributing to the fact that teaching practice permeates in this way is the essentialist biology, which standardizes and reduces all relationships and identities to the masculine (man) and feminine (woman), all in cisgender patterns. For this theory, only in this way are subjects considered normal or accepted in society. The present research has the general objective of investigating the knowledge of science and biology teachers about sexual diversity and gender identity in two municipal schools and three state schools in the city of Pelotas/RS, describe the knowledge, attitudes and practices of science and biology teachers regarding the theme, investigate how sex education is worked by teachers in the Pelotas/RS teaching units and identify the presence and use of didactic teaching materials that dialogue with the theme of sexual orientation and gender identity in schools. Taking into account the objectives of the present work, the methodological approach chosen has a predominantly interpretative character, characterized as a qualitative research, aiming to investigate the unfoldings of the theme education and sexual diversity in the educational context of the city of Pelotas in the state of Rio Grande do Sul. To this end, we used as a research method in-depth interviews with female teachers from state and municipal educational institutions. The results emerge showing that gender patterns socially established and compatibility with biological sex are prerogatives that are neglected in schools, although it appears, superficially, in some skills of the BNCC the knowledge of the plurality of human sexuality, many are the taboos about this issue, as we saw earlier, there is a political reinforcement in Congress that allows the rooting of this hegemonic structure. Another relevant point is the invisibility of this topic in initial teacher education courses, adhering to a direct difficulty in understanding the topic of sexual orientation and gender identity.