A voz da mente : memórias cartográficas do jornal coletivo de um cais

Abstract

O presente trabalho é fruto das memórias de uma oficina terapêutica realizada em um Centro de Atenção Psicossocial Adulto (CAPS). Apresenta três usos metodológicos da narrativa ficcional: a escrita ficcional do residente inspirada em suas experiências com a oficina; a criação colaborativa de uma personagem ficcional como dobra do grupo e, por fim, a própria composição coletiva do jornal com suas matérias, colunas, entrevistas, em uma narrativa-memória do CAPS. O trabalho versa, portanto, sobre as linhas que compuseram a primeira edição do Jornal “A Voz da Mente”, uma oficina de produção de matérias, coberturas e reportagens que se utilizou do jornalismo como tarefa grupal à comunar o cuidado em liberdade. Dessa forma, na correspondência ficcional de e-mails entre Bento e a Editora-Chefe Anabella (personagem criada na oficina), é narrado o modo como se deu a construção da proposta desse espaço terapêutico a partir da filosofia da diferença e de como o grupo foi inventando coletivamente o cuidado com todo o serviço. Assim, o trabalho problematiza as políticas de clínica como clínica política, visando a defesa intransigente da Luta Antimanicomial e do Sistema Único de Saúde (SUS).

This work is one of the outcomes of memories of a therapeutic workshop held in a Centro de Atenção Psicossocial Adulto (CAPS). It shows three uses of fictional narrative methodology: the resident's fictional writing inspired by his experiences in the workshop; the collaborative creation of a fictional character as a group fold and, the collective elaboration of the newspaper itself with articles, columns, interviews, resulting in a CAPS memory-narrative. The work, therefore, explains about the lines that composed the first edition of the newspaper named “A Voz da Mente”, a workshop production of newspaper articles, covers and reports that used journalism as a group task to produce a common policy of care in freedom. Thus, the fictional emailing between Bento and the Chief Editor Anabella (the character created in the workshop), narrates how the proposal for this therapeutic space was built based on the philosophy of difference and how the group collectively invented the care within the whole service. Thereby, this paper problematizes the clinical policies as a political clinic, aiming at the unyielding defense of the Anti-Asylum Movement and the Sistema Único de Saúde (SUS).