Uma investigação sobre o uso de recursividade em libras
Fecha
2021Autor
Tutor
Co-director
Nivel académico
Maestría
Tipo
Materia
Resumo
A recursividade pode se manifestar de modo distinto em cada língua, porém para todos os estudiosos da área é essa propriedade que distingue o sistema linguístico dos seres humanos das formas de comunicação empregadas por espécies não humanas (Chomsky, 1965; Jackendoff e Pinker, 2005; Everett, 2009; Nevins, Pesetsky e Rodrigues, 2009). Em línguas de sinais e, mais especificamente, em Libras há ainda poucos estudos relacionados ao tema. Dessa forma, esta pesquisa tem como objetivo geral investiga ...
A recursividade pode se manifestar de modo distinto em cada língua, porém para todos os estudiosos da área é essa propriedade que distingue o sistema linguístico dos seres humanos das formas de comunicação empregadas por espécies não humanas (Chomsky, 1965; Jackendoff e Pinker, 2005; Everett, 2009; Nevins, Pesetsky e Rodrigues, 2009). Em línguas de sinais e, mais especificamente, em Libras há ainda poucos estudos relacionados ao tema. Dessa forma, esta pesquisa tem como objetivo geral investigar o uso de estruturas oracionais recursivas em narrativas em Libras com base em um corpus nacional de Libras (http://www.corpuslibras.ufsc.br/), composto por narrativas sinalizadas produzidas por três surdos de referência a partir de um curta metragem de estímulo. O corpus investigado integra o projeto do Inventário Nacional de Libras e é de domínio público. Os seguintes objetivos específicos nortearam a análise dos dados: a) Identificar a presença da recursividade em Libras em narrativas sinalizadas produzidas por três surdos de referência a partir de um curta metragem de estímulo; b) Verificar em que medida marcadores manuais exercem a função de recursividade em Libras no corpus de narrativas analisado; e c) Verificar em que medida marcadores não manuais exercem função de recursividade em Libras no corpus de narrativas analisado. Os participantes foram selecionados considerando os seguintes critérios: (a) ser surdo de referência; (b) ser das regiões sul ou sudeste do Brasil, pois questões de variações linguísticas não foram consideradas no escopo dessa pesquisa; (c) ter adquirido Libras até os quinze anos; (d) ter formação superior completa; (e) ter produzido a narrativa a partir do mesmo vídeo de estímulo. Para a transcrição e análise dos dados foi utilizado o software ELAN, que possibilitou a criação de trilhas específicas para atender a análise. Após a transcrição dos dados, foi feita a seleção das orações subordinadas que comporiam a análise. Entre os três participantes, contabilizamos um total de cinquenta e duas orações, sendo, em nossa análise, trinta e seis construções coordenadas e dezesseis construções que parecem, estas últimas, ter manifestação recursiva. Marcadores manuais e não manuais foram analisados, descritos e apontados como possíveis marcadores de recursividade em Libras. Os marcadores não manuais identificados foram: direcionamento de olhar, contração de olhos, movimentação de tronco para frente e para trás; elevação de tronco; direcionamento de tronco (incorporação); direcionamento de cabeça; movimento de boca e movimento de sobrancelhas. Os marcadores manuais, que ocorreram em menor ocorrência, foram ‘porque’, ‘igual’, ‘se’ e apontamentos (realizados com dedo indicador ou polegar, de referentes no espaço de sinalização). A partir dos elementos encontrados nas orações, é possível perceber que há recursividade em Libras e que tal manifestação tem relação com a modalidade visual espacial da língua, que utiliza elementos como sinalização manual e não manual de forma simultânea. Identificamos que os marcadores não manuais são mais utilizados como estratégia recursiva do que os manuais, apontando a possibilidade de recursividade a nível suprassegmental (Bross, 2020). Nessa pesquisa não foram analisados se ter uma língua oral como segunda língua influencia construções com recursividade na sinalização. O pensamento recursivo e escolhas nesse sentido também não foram analisados. Além disso, é necessária uma investigação da marcação pragmática no discurso narrativo e sua relação com a recursividade, tais apontamentos são indicações para pesquisas futuras. ...
Abstract
Recursion may be present in different ways in each language, however for all the researchers in the area this is a condition that distinguishes the linguistic system of human being from the communicative forms used by non-human species (Chomsky, 1965; Jackendoff and Pinker, 2005; Everett, 2009; Nevins, Pesetsky and Rodrigues, 2009). In Sign Languages and, particularly in Libras, there is still no studies related to this theme. For this reason, the goal of this study is to investigate the use of ...
Recursion may be present in different ways in each language, however for all the researchers in the area this is a condition that distinguishes the linguistic system of human being from the communicative forms used by non-human species (Chomsky, 1965; Jackendoff and Pinker, 2005; Everett, 2009; Nevins, Pesetsky and Rodrigues, 2009). In Sign Languages and, particularly in Libras, there is still no studies related to this theme. For this reason, the goal of this study is to investigate the use of recursion in sentences, in Libras narratives based on a national corpus of Libras (http://www.corpuslibras.ufsc.br/), composed by narratives in Libras produced by three deaf subjects based on a short film used as stimulus. The investigated corpus is part of a project named National Libras Inventory (Inventário Nacional de Libras), public domain. The specific goals that guided the data analysis are: a) to identify the presence of recursion in narratives in Libras produced by three deaf subjects based on a short film used as an stimulus; b) to verify in which measure manual markers exhibits recursion in the analyzed narrative corpus in Libras; and c) to verify in which measures non-manual markers exhibits recursion in the analyzed narrative corpus in Libras. The participants were selected considering the following criteria: (a) being a deaf subject fluent in Libras; (b) being from the South and Southeast regions of Brazil since linguistic variation issues were beyond the scope of this study; (c) subjects must have acquired Libras by the age of fifteen; (d) having completed college; (e) having produced the narrative based on the same video from the stimulus. The ELAN software was used in data analysis and transcription that enabled the creation of specific trails to meet the analysis. After the data transcription, a selection of subordinate utterances was made to compose the analysis. Among the three participants, a total of fifty-two utterances were computed, considering in our analysis, thirty-six coordinate clauses and sixteen clauses that may have recursion. Manual and non-manual markers were analyzed, described, and identified as possible markers of recursion in Libras. The non-manual markers identified were: direction of eye gaze, forward and backward leans of the body, body movement (incorporation), head movement, mouth gesture movement and eyebrow movement. The manual markers, that were found in less occurrences: ‘because’, ‘same’, ‘if “and pointing sign (performed with the index finger or thumb, establishing a frame reference). Based on the elements found in the utterances it is possible to identify that there is recursion in Libras and this property is related to the visual-spatial modality of this language, which employs elements as manual and non-manual signs simultaneously. It was identified that non-manual markers are more often used as a recursive strategy than manual markers, pointing out the recursive possibility in a suprasegmental level (Bross, 2020). This study did not analyze if having an oral language as a second language can influence sentence construction with recursion in Libras. The recursive thought and choices in this sense were not analyzed. Besides that, it is necessary an investigation of pragmatical markers in the narrative discourse and its relationship with recursion in future studies. ...
Institución
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Letras. Programa de Pós-Graduação em Letras.
Colecciones
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