Hipomineralização molar incisivo : associação com cárie dentária e o impacto na qualidade de vida

Abstract

A presente dissertação de mestrado é composta por dois artigos científicos. O primeiro deles, “Molar-incisor hypomineralization and dental caries: A hierarchical approach in a populational-based study” avaliou a associação da hipomineralização molar incisivo (HMI) com cárie dentária. Para investigar essa associação, realizou-se um levantamento epidemiológico em um município do sul do Brasil, entre os meses de abril e dezembro de 2019. Foi feita amostragem por conglomerado, por meio do sorteio das turmas das escolas públicas do município. Como critério de inclusão, foram consideradas potencialmente elegíveis todas as crianças que tinham os quatro primeiros molares permanentes erupcionados. As variáveis HMI (conforme os critérios propostos pela Academia Europeia de Odontopediatria), cárie dentária (de acordo com o índice CPOD) e gengivite foram coletadas. Além das variáveis clínicas, foi enviado aos pais um questionário autoaplicável com perguntas sobre fatores socioeconômicos. Para análise dos dados, utilizou-se Regressão de Poisson com abordagem hierárquica. Ao total, 513 crianças foram incluídas no presente estudo. A prevalência de HMI foi de 19%. A média de idade foi de 11 anos. A HMI esteve associada à cárie dentária. Crianças cujos pais tinham mais anos de estudo e renda familiar mensal maior apresentaram menores índices CPOD. A variável chefe da família também apresentou associação significativa com cárie. Considerando os fatores distais e proximais, a HMI, juntamente com os fatores socioeconômicos, esteve associada à cárie dentária. O segundo artigo, intitulado “Molar incisor hypomineralization and oral health-related quality of life: A systematic review and meta-analysis”, avaliou a influência da HMI na qualidade de vida associada à saúde bucal. Foi definida uma questão de pesquisa e realizada a busca nas bases de dados PubMed/MEDLINE, Scopus, Trip, Web of Sciense, Embase e Lilacs, sem restrição de ano de publicação e idioma. A presente revisão foi conduzida de acordo com as diretrizes propostas pelo PRISMA e registrada no Prospero. Em relação aos critérios de elegibilidade, incluíram-se estudos observacionais que avaliaram a associação entre HMI e qualidade de vida, e excluídos os estudos que não utilizaram ferramentas validadas ou estudos que não possuíam grupo controle. Dois revisores selecionaram independentemente os estudos e extraíram os dados. O risco de viés dos estudos incluídos foi avaliado por meio da ferramenta Newcastle-Ottawa adaptada para estudos observacionais. Realizaram-se 2 meta-análises usando modelo de efeitos aleatórios, uma considerando o escore global e outra considerando domínios específicos. De um total de 1.771 estudos potencialmente elegíveis, 11 foram selecionados para leitura na íntegra, 5 foram incluídos na revisão sistemática e 3 estudos foram incluídos na meta-análise. O risco de viés variou de moderado a baixo. Crianças com HMI tiveram uma prevalência 27% maior de impacto negativo sobre qualidade de vida associada à saúde bucal; no entanto, não houve diferença significativa (RP 1.27; IC 95% 0.68 – 2.36) no escore global, nem nos domínios específicos. Dessa forma, a qualidade de vida parece não ser afetada pela HMI.

The present master dissertation is composed by two scientific articles. The first of them, “Molar-incisor hypomineralization and dental caries: A hierarchical approach in a populational-based study” evaluated the association of molar incisor hypomineralization (MIH) with dental caries. To investigate this association, an epidemiological survey was carried out in a city in the south of Brazil, between April and December 2019. Sampling was carried out by conglomerate, through the drawing of classes from public schools. As an inclusion criterion, all children who had erupted four first permanent molars were considered potentially eligible. The variables MIH (according to the criteria proposed by the European Academy of Pediatric Dentistry), dental caries, (according to the DMFT index) and gingivitis were collected. In addition to the clinical variables, a selfadministered questionnaire with questions related to socioeconomic factors was sent to the parents. For data analysis, was used Poisson regression with a hierarchical approach. In total, 513 children were included in the present study. The prevalence of MIH was 19%. The average age was 11 years. MIH was associated with dental caries. Children whose parents had more years of schooling and higher monthly family income had lower DMFT rates. The householder variable also showed a significant association with dental caries. Considering the distal and proximal factors, MIH, together with socioeconomic factors, was associated with dental caries. The second article entitled “Molar incisor hypomineralization and oral health-related quality of life: A systematic review and metaanalysis” assessed the influence of MIH on the quality of life associated with oral health. A research question was defined and the search was performed in the PubMed / MEDLINE, Scopus, Trip, Web of Sciense, Embase and Lilacs databases, with no restriction on year of publication and language. This review was conducted in accordance with the guidelines proposed by PRISMA and registered with Prospero. Regarding the eligibility criteria, observational studies that evaluated the association between MIH and quality of life were included, and studies that did not use validated tools or studies that did not have a control group were excluded. Two reviewers independently selected the studies and extracted the data. The risk of bias of the included studies was assessed using the Newcastle-Ottawa tool adapted for observational studies. Two meta-analysis were performed using a random effects model, one considering the global score and the other considering specific domains. Of a total of 1.771 potentially eligible studies, 11 were selected for full reading, 5 were included in the systematic review and 3 studies were included in the meta-analysis. The risk of bias varied from moderate to low. Children with MIH had a 27% higher prevalence of negative impact on quality of life associated with oral health; however, there was no significant difference (PR 1.27; 95% CI 0.68 – 2.36) in the global score, nor in the specific domains. Thus, the quality of life does not seem to be affected by MIH.