Criança cidadã? : os manuais de redação e as orientações sobre infância e adolescência

Abstract

Tendo como base as legislações que envolvem a cobertura das questões da infância e da adolescência pela imprensa, este artigo objetiva verificar se os manuais de redação dos jornais de maior tiragem no Brasil trazem orientações para seus colaboradores — e divulgadas também ao público — sobre a abordagem de temas que envolvem as crianças. Levando em conta que vários autores consideram que uma das finalidades do jornalismo é prezar pela cidadania, busca-se perceber se essas orientações incluem tanto o direito das crianças de serem protegidas quanto o de participarem da vida em sociedade. Conclui-se que os manuais de O Globo, Folha de S.Paulo e Zero Hora tratam meninos e meninas como seres submetidos à guarda da lei, mas isso ocorre pelo receio em descumprir alegislação, e não pela preocupação com a criança como cidadã.

Based on the laws that involve the coverage of childhood and adolescence issues by the press, this article aims to verify if the manuals of style and usageof the largest circulation newspapers in Brazil provide guidelines for their collaborators — also released to the public — about the approaches that they should adopt for addressing topics involving children. Considering that several authors state that one of the purposes of journalism is to foster citizenship, we seek to understand whether these guidelines, when they do exist, include both children’s right to be protected and children’s right to participate in life in society. We concluded that the manuals of O Globo, Folha de S. Paulo and Zero Hora treat boys and girls as individuals that are subjected to law enforcement. However, this results from a fear of their breaking the law, rather than from a concern with children as citizens.