"Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos..." professores? : das narrativas (auto)biográficas docentes à ressignificação de (Geo)grafias

Abstract

A presente pesquisa tem como objetivo analisar como as memórias de professores da Licenciatura em Geografia constroem suas identidades docentes e influenciam na formação dos futuros professores. Parte-se do pressuposto de que a constituição do ser docente ocorre ao longo da trajetória de vida nos mais diversos espaços-tempos, não se reduzindo à formação inicial e à carreira profissional. Logo, osujeito se constrói professor a partir dos atravessamentos proporcionados pelos seus itinerários de vida pessoal, de formação escolar e acadêmica e de atuação profissional. Dentre estes, destaca-se a influência das memórias de ensino na condição de aluno,sobretudo da trajetória de escolarização, que criam representações acerca da docência em Geografia. Desse modo, busca-se analisar as memórias dos professores formadores a fim de desvendar o imaginário que constroem sobre a docência para compreender como estas agem sobre sua identidade profissional e suas práticas docentes na licenciatura. Para tanto, adotou-se a abordagem qualitativa de pesquisa, ancorada no paradigma da complexidade e no método (auto)biográfico. Assenta-se na metodologia das Histórias de vida, tendo como fonte as narrativas (auto)biográficas. A pesquisa teórica corresponde a uma revisão bibliográfica concernente ao ensino de Geografia, formação de professores e pesquisa (auto)biográfica. pesquisa de campo inclui o questionário de dados biográficos e entrevistas narrativas com os professores formadores, bem como grupo focal com os licenciandos em Geografia. O método de análise das narrativas (auto)biográficas dos professores foi a compreensão cênica. Os sujeitos da pesquisa são oito professores e dezesseis acadêmicos da Licenciatura em Geografia de uma universidade federal do Estado do Rio Grande do Sul. Os professores formadores são os sujeitos centrais da pesquisa, pois o enfoque de investigação situa-se na análise de suas narrativas (auto)biográficas, as quais estão organizadas em três eixos: História de vida, Memórias de ensino e Formação-profissão. Constatou-se que as metamemórias apresentadas nas narrativas dos professores evidenciam suas concepções de ensino, de formação e de Geografia, as quais estruturam seu fazer docente. Percebeu-se a indissociabilidade da identidade pessoal e profissional que se constrói em diálogo com a história social; o imaginário docente ancorado no saber da tradição pedagógica; a escassa preocupação com a dimensão pedagógica das práticas de ensino dos professores formadores; e a priorização da pesquisa em sua especificidade da Geografia. Afirma-se na tese que as memórias, principalmente as do ensino escolar,de professores formadores de Geografia atuam sobre aconstituição de sua identidade docente e influenciam a formação dos licenciandos em Geografia. Isto ocorre por meio de memórias e/ou contra-memórias, ou seja, como modelo a ser seguido ou a se contrapor. Diante disso, verificou-se as potencialidades do método (auto)biográfico ao possibilitar os sujeitos à autorreflexão, ao conhecimento de si e aos processos auto e heteroformativos, o que contribui para a ressignificação de três (Geo)grafias: primeira Geografia (existência), a Geografia acadêmica e a Geografia escolar. A partir do impacto social avistado pela pesquisa, propõe-se a criação de cursos para a formação de professores formadores alicerçados em uma epistemologia da formação consoante à abordagem (auto)biográfica e a efetivação de redes entre licenciandos e professores de diferentes níveis de ensino.

This research aims to analyze how the memories of Geography college students build their teaching identities and influence the training of future teachers. This work is based on the assumption that the constitution of the teaching being may occur throughout the life trajectory in the most diverse space-times, not being reduced to the initial training and professional career. Therefore, the subject becomes a teacher from the crossings provided by their life itineraries, school and academic training, and professional performance. Among these, the influence of teaching memories while being a student, mostly in the school trajectory, creates representations about teaching in Geography. Thus, we attempt to analyze the memories of professors to unveil the imaginary that they build on teaching, to understand how they act, their professional identity, and their teaching practices in undergraduate courses. To this very end, the qualitative research approach was adopted, anchored in the complexity paradigm and the (self) biographical method. It is all based on the methodology of Life Stories, based on (self) biographical narratives. The theoretical research corresponds to a bibliographic review concerning Geography teaching, teacher training, and (self) biographical research. This field research includes the biographical data questionnaire and narrative interviews with professors, as well as a focus group with the Geography graduates. The method of analysis of the teachers' (self) biographical narratives was scenic understanding. The research subjects are eight professors and sixteen undergraduate students in Geography at a federal university in the State of Rio Grande do Sul. The professors are the main subjects in the research because it focuses on analyzing their (self) biographical narratives, organized in three axes: Life history,Teaching memories, and Training-profession. It was verified that the meta-memories presented in the teachers' narratives show their conceptions of teaching, training, and Geography, which structure their teaching practice. It was also noticed the inseparability of the personal and professional identity that is the dialogue which is developed with social history; the teaching imagination anchored in the knowledge of the pedagogical tradition; the little concern with the pedagogical dimension of the teachingpractices of the teacher educators; and the prioritization of the research in its specificity of Geography. In the thesis, it is declared that the memories, especially those of school education, of teachers who are Geography teachers act in the constitution of their teaching identity and influence the training of undergraduate students in Geography. It occurs through memories and/or counter-memories, which is a model to be either followed or opposed. Given this, the potentialities of the (self) biographical method were verified by enabling the subjects to self-reflection, self-knowledge, and self and heteroformative processes, which contributes to the resignification of three (Geo)graphies: first Geography (existence), academic Geography, and school Geography. From the social impact seen through the research, it is suggested that courses be created for the training of teacher educators, based on an epistemology of training according to the (self) biographical approach and the establishment of networks between undergraduates and teachers of different levels of education.