Ruptura do ritmo circadiano de temperatura corporal como um marcador alternativo de gravidade dos sintomas depressivos e incapacidade em mulheres com fibromialgia
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2020Advisor
Academic level
Master
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Abstract in Portuguese (Brasil)
Introdução: A fibromialgia (FM) é uma síndrome que se caracteriza por dor musculoesquelética generalizada, fadiga, sono não reparador, alterações cognitivas, sintomas depressivos e outros correlatos de disfunção autonômica. Evidências indicam que, em pacientes fibromiálgicas e depressivas, ocorre uma ruptura no ritmo de secreção de melatonina, sendo que seu principal metabólito (6-sulfatoximelatonina) apresenta alta carga secretória no período diurno (6-18h). Esses dados podem expressar a dessi ...
Introdução: A fibromialgia (FM) é uma síndrome que se caracteriza por dor musculoesquelética generalizada, fadiga, sono não reparador, alterações cognitivas, sintomas depressivos e outros correlatos de disfunção autonômica. Evidências indicam que, em pacientes fibromiálgicas e depressivas, ocorre uma ruptura no ritmo de secreção de melatonina, sendo que seu principal metabólito (6-sulfatoximelatonina) apresenta alta carga secretória no período diurno (6-18h). Esses dados podem expressar a dessincronização dos ritmos biológicos internos. Existem sintomas compartilhados pela FM e pelo Transtorno Depressivo Maior (TDM) relacionados a alterações nos ritmos circadianos, como a má qualidade do sono e a fadiga. Todavia, a TDM é uma comorbidade com prevalência de 4,3 vezes maior na FM do que na população geral. Dessa forma, faz-se importante investigar a relação de uma possível cronoruptura dos ritmos circadianos com a gravidade dos sintomas depressivos. O ritmo de temperatura corporal é considerado um marcador robusto e estável para avaliação da sincronização do sistema circadiano e pode ser aferido através da medição da temperatura corporal periférica, que é um método confiável e não invasivo. Evidências sugerem que esse parâmetro circadiano está alterado em indivíduos com depressão. No entanto, ainda é escassa a literatura sobre a utilização da curva da temperatura corporal periférica como marcador de ruptura circadiana que pode se vincular à gravidade dos sintomas depressivos e sintomas correlatos da fibromialgia. Objetivo: Avaliar a associação entre ritmo de temperatura corporal periférica e a gravidade de sintomas depressivos como marcador relacionado à gravidade dos sintomas na fibromialgia. Métodos: Estudo transversal exploratório. Foram incluídas mulheres entre 30 e 65 anos de idade, alfabetizadas e com diagnóstico confirmado de FM de acordo com os critérios do Colégio Americano de Reumatologia (2010-2016). Para avaliação dos sintomas depressivos, foi utilizada a Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton (HAM-D). Para a análise, a amostra foi classificada em dois grupos: sintomas depressivos leves (escore ≤17) e sintomas depressivos moderados a graves (escore >17). Foram utilizados instrumentos para avaliação dos níveis de dor, qualidade de sono, sensibilização central e actimetria para avaliar o ritmo de temperatura corporal periférica. Resultados: Não foi observada diferença na amplitude da temperatura de 24h entre os grupos (p=0,079). No entanto, foi identificada diferença entre o mesor da temperatura de 24h, sendo maior no grupo de FM com sintomas depressivos moderados a intensos (p=0,013). O modelo de Equações de Estimativas Generalizadas (GEE) revelou uma diferença na temperatura corporal periférica considerando separadamente os quatro períodos do ciclo de 24 h (06:00-12:00, 12:00- 18:00, 18:00-24:00, 24-06:00) (χ2= 292.14, DF=3; p<0,001). Essa diferença persistiu mesmo quando examinada a relação entre os períodos no ciclo de 24 h de acordo com a gravidade de sintomas depressivos (χ2= 337.79, DF=7; p<0,001). Pacientes fibromiálgicas com sintomas depressivos moderados a intensos apresentaram maior temperatura corporal no período da noite (18:00-24:00) (p=0,02). A temperatura do período da noite foi positivamente correlacionada aos níveis de incapacidade devido à dor e com os níveis de sensibilização central. Conclusão: Nossos resultados sugerem que a ruptura do ritmo circadiano da temperatura corporal periférica de acordo com a gravidade dos sintomas depressivos pode ser um marcador biológico relacionado à gravidade dos sintomas clínicos em mulheres com fibromialgia. Pode ser considerado um marcador acessível que nos ajuda a compreender a relação entre os sintomas clínicos e a ruptura circadiana endógena. Além disso, em futuros estudos clínicos, ele pode ser útil para avaliar se os efeitos terapêuticos do tratamento da depressão estão relacionados com uma possível ressincronização desses sistemas. ...
Abstract
musculoskeletal pain, fatigue, non-restorative sleep, cognitive changes, depressive symptoms and other correlates of autonomic dysfunction. Evidence indicates that in fibromyalgic and depressive patients there is a rupture in the melatonin secretion rhythm, with its main metabolite (6 sulfatoxymelatonin) displaying a high secretory load during the day (6-18h). These data can express the desynchronization of internal biological clock. There are symptoms shared by FM and Major Depressive Disorder ...
musculoskeletal pain, fatigue, non-restorative sleep, cognitive changes, depressive symptoms and other correlates of autonomic dysfunction. Evidence indicates that in fibromyalgic and depressive patients there is a rupture in the melatonin secretion rhythm, with its main metabolite (6 sulfatoxymelatonin) displaying a high secretory load during the day (6-18h). These data can express the desynchronization of internal biological clock. There are symptoms shared by FM and Major Depressive Disorder (MDD) related to changes in circadian rhythms, as poor sleep quality and fatigue. However, because the presence of MDD as a comorbidity of FM has a prevalence which is 4.3 times higher than in the general population, it is important to investigate the relationship of a possible chronorupture of circadian rhythms with the severity of depressive symptoms. The body temperature rhythm is considered a robust and stable marker for assessing the synchronization of the circadian system and can be measured through peripheral body temperature, which is a reliable and non-invasive method. Evidence suggests that this circadian parameter is altered in individuals with depression. However, literature is scarce on the utilization of the body temperature curve as a marker of circadian rupture that can be linked to the severity of depressive symptoms and related symptoms of fibromyalgia. Aims: To evaluate the association between peripheral body temperature rhythm and the severity of depressive symptoms as a marker associated with the severity of symptoms in fibromyalgia. Methods: Cross-sectional exploratory study. The study included women between 30 and 65 years old, literate and with a confirmed diagnosis of FM according to the criteria of the American College of Rheumatology (2010-2016). To assess depressive symptoms, the Hamilton Depression Rating Scale (HDRS) was used. For the analysis, the sample was classified into two groups: mild depressive symptoms (score ≤17) and moderate to severe depressive symptoms (score ≥ 17). Instruments were used to assess pain levels, sleep quality, central sensitization and actimetry to assess the rhythm of peripheral body temperature. Results: No difference was observed between the groups regarding the 24- hour temperature amplitude (p = 0.079), but a difference was identified in the 24h temperature mesor, which was higher in the FM group with moderate to severe depressive symptoms (p = 0.013). When analyzing the rhythm of peripheral body temperature during four periods of the day (06: 00-12: 00, 12: 00-18: 00, 18: 00-24: 00, 24-06: 00), a difference was found between the groups (χ2 = 337.79, DF = 7; p <0.001). Fibromyalgia patients with moderate to severe depressive symptoms have a higher b temperature during the evening (18:00-24:00) (p =0.02). Evening temperature was positively correlated with greater disability due to pain and higher central sensitization score (χ2 = 5.72, DF= 1; p = 0.01). Conclusion: Our results suggest that the disruption of the circadian rhythm of peripheral body temperature according to the severity of depressive symptoms may be a biological marker related to the severity of clinical symptoms in women with fibromyalgia. It can be considered an accessible marker that helps us understand the relationship between clinical symptoms and endogenous circadian rupture. In addition, in future clinical studies, it may be useful to assess whether the therapeutic effects of depression treatment are related to a possible resynchronization of these systems. ...
Institution
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Medicina: Ciências Médicas.
Collections
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Health Sciences (9170)Medical Sciences (1562)
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