Povos indígenas e ditaduras de segurança nacional no Cone Sul : o caso dos kaingang no Rio Grande do Sul (1963-1988)

Abstract

O seguinte trabalho tem como objeto de investigação a atuação da Ditadura de Segurança Nacional brasileira em relação aos Povos Indígenas, com especial atenção ao caso do povo Kaingang, no estado do Rio Grande do Sul (RS). Procurando compreender as ações realizadas pela ditadura e o espaço reservado aos povos indígenas dentro dos projetos desenvolvidos por ela, foram analisadas fontes diversas dentre documentos estatais frutos de Comissões de Inquéritos, documentos da repressão oriundos de órgãos de inteligência, recortes da imprensa da época e depoimentos. Foram abordados também estudos, informes e casos sobre a relação entre as Ditaduras do Cone Sul (Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai) e os Povos Indígenas da região, dando maior destaque para a ditadura brasileira e os povos originários que habitam o interior de suas atuais fronteiras nacionais. O aprofundamento do caso Kaingang no RS torna perceptível as características genocidas e etnocidas das relações que o Estado brasileiro - caracterizado por um Terrorismo de Estado marcado pela Colonialidade do Poder no período - estabeleceu com as comunidades e sujeitos indígenas, podendo ser compreendidas também como uma Necropolítica. A pesquisa reconhece que os indígenas não permaneceram passivos diante da “marcha inelutável do progresso”, utilizando a articulação do Corpo-Território como uma das mais significativas formas de resistência contra o projeto de integração e desaparecimento empreendido pela ditadura.

The following paper has as its object of investigation the actions of the Brazilian National Security Dictatorship in relation to Indigenous Peoples, with special attention to the case of the Kaingang people in the state of Rio Grande do Sul (RS). In an attempt to understand the actions carried out by the dictatorship and the space reserved for indigenous peoples within the projects developed by it several sources were analyzed, among them were state documents resulting from Inquires Commissions, repression documents from intelligence agencies, press clippings of the time and statements. Studies, reports and cases on the relationship between the Dictatorships of Southern Cone (Argentina, Chile, Paraguay and Uruguay) and the Indigenous Peoples of the region were also addressed, giving greater prominence to the Brazilian dictatorship and the native people who inhabit the interior of their current national borders. The deepening into the Kaingang case in the RS makes perceptible the genocidal and ethnocidal characteristics of the relations that the Brazilian State – characterized by a State Terrorism regime marked by the Coloniality of Power at the time – established with the indigenous communities and individuals, which can also be understood as a Necropolitics. The research recognizes that the indigenous peoples did not remain passive in the face of the “ineluctable march of progress”, using the articulation of the Body-Territory as one of the most significant forms of resistance against the project of integration and disappearance undertaken by the dictatorship.

El siguiente trabajo tiene como objeto de investigación la actuación de la Dictadura de Seguridad Nacional brasileña em relación a los pueblos indígenas, con especial atención al caso del pueblo Kaingang, en la provincia de Rio Grande do Sul (RS). En un intento de comprender las acciones llevadas a cabo por la dictadura y el espacio reservado para los pueblos indígenas dentro de los proyectos desarrollados por esta, se analizaron variadas fuentes, entre documentos estatales de las comisiones de investigación, documentos de la represión de las agencias de inteligencia, recortes de prensa del momento y testimonios. También se abordaron estudios, informes y casos sobre la relación entre las Dictaduras del Cono Sur (Argentina, Chile, Paraguay y Uruguay) y los pueblos indígenas de la región, dando mayor importancia a la dictadura brasileña y a los pueblos originarios que habitan el interior de sus actuales fronteras nacionales. La investigación del caso de los Kaingang en RS evidenció que las características genocidas y etnocidas de las relaciones que el Estado brasileño – caracterizado por un Terrorismo de Estado marcado por la Colonialidad del Poder en el período – estableció con las comunidades y los sujetos indígenas pueden entenderse como una Necropolítica. Sin embargo, los pueblos indígenas no permanecieron pasivos frente a la “marcha ineludible del progreso”, utilizando la articulación del Cuerpo-Territorio como una de las formas más importantes de resistencia contra el proyecto de integración y desaparición emprendido por la dictadura.