A construção da identidade das trabalhadoras terceirizadas em uma universidade pública

Abstract

O presente trabalho tem por objetivo analisar como ocorre o processo de construção da identidade no trabalho de trabalhadoras terceirizas em uma universidade pública, pela ótica das trabalhadoras terceirizadas. As transformações no mundo do trabalho promoveram alterações nas formas de contratação de trabalhadores e a Administração Pública possui um papel fundamental neste processo, tendo em vista, que inúmeras atividades, entendidas como atividade-meio do serviço público, são realizadas por trabalhadores contratados por empresas terceirizadas. Dessa forma, as trabalhadoras investigadas se inserem em uma relação peculiar, tendo em vista que respondem a dois setores: a empresa que assina a sua carteira de trabalho e é responsável por garantir os seus direitos trabalhistas e o órgão no qual presta seus serviços. Considerando que nas relações de trabalho o trabalhador constrói sua identidade, através do pertencimento e da cooperação, quando o trabalhador se encontra em uma relação triangular, tal construção de identidade no trabalho se torna frágil. Foram realizadas dez entrevistas semi-estruturadas, que foram analisadas qualitativamente. Destaca-se a importância que as trabalhadoras terceirizadas atribuem ao trabalho terceirizado, ao mesmo tempo em que almejam sair dele; a fragilidade do vínculo entre as trabalhadoras terceirizadas e destas com as empresas que as contratam; bem como as relações de cooperação entre estas e servidores que são fundamentais na sua construção identitária, mas, ainda assim, não produzem um sentimento de pertencimento.

The present work aims to analyze how the identity construction process occurs in the work of outsourced workers in a public university, from the perspective of outsourced workers. The transformations in the world of work promoted changes in the ways of hiring workers and the Public Administration has a fundamental role in this process, considering that numerous activities, understood as a public service activity, are performed by workers hired by outsourced companies. Thus, the investigated workers are part of a peculiar relationship, considering that they respond to two sectors: the company that signs its work card and is responsible for guaranteeing its labor rights and the body in which it provides its services. Considering that in work relations the worker builds his identity, through belonging and cooperation, when the worker is in a triangular relationship, such construction of identity at work becomes fragile. Ten semi-structured interviews were carried out, which were analyzed qualitatively. It highlights the importance that outsourced workers attribute to outsourced work, at the same time that they aim to leave it; the fragility of the link between outsourced workers and between them and the companies that hire them; as well as the cooperative relations between these and civil servants that are fundamental in their identity construction, but still do not produce a feeling of belonging.