Síndrome dolorosa miofascial, função do sistema descendente da dor e eficácia da estimulação elétrica intramuscular : ensaio clínico randomizado duplo-cego sham controlado exploratório
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Data
2019Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
A síndrome dolorosa miofascial (MPS) é uma das causas mais prevalentes de dor crônica na população, provocando altos graus de incapacidade, sem normalmente responder ao tratamento analgésico conservador. Embora sua fisiopatologia não esteja completamente esclarecida, vários processos ocorrem tanto no tecido periférico quanto no nível do sistema nervoso periferico e central, levando a um processamento de neuroplasticidade mal adaptativa nas redes neurais da neuromatriz da dor, o que resulta na a ...
A síndrome dolorosa miofascial (MPS) é uma das causas mais prevalentes de dor crônica na população, provocando altos graus de incapacidade, sem normalmente responder ao tratamento analgésico conservador. Embora sua fisiopatologia não esteja completamente esclarecida, vários processos ocorrem tanto no tecido periférico quanto no nível do sistema nervoso periferico e central, levando a um processamento de neuroplasticidade mal adaptativa nas redes neurais da neuromatriz da dor, o que resulta na amplificação de sua percepção e na alteração comportamental observada em seus portadores. Evidências sugerem que existem três sistemas neurais primariamente envolvidos na dor da MPS: (i) o sistema corticoespinal; (ii) o sistema modulador descendente da dor: e (iii) o sistema regulador da neuroplasticidade. A estimulação elétrica intramuscular (IMES) é uma forma de estimulação neuromuscular periférica que promove aumento do fluxo sanguíneo regional, ativa centros relacionados ao processamento da dor e, de forma ascendente, também ativa as vias modulatórias da dor (efeito bottom-up). Nesta tese buscamos avaliar duas perguntas que deram origem a dois artigos: (1) se a disrupção do sistema modulador descendente da dor, aferida pelo CPM-task, correlaciona-se com disfunção na condução corticoespinal e desinibição no nível cortical, acessados pela Estimulação Magnética Transcraniana (TMS), e nível sérico do BDNF; e (2) avaliar os efeitos neuromodulatórios de 10 sessões de IMES comparados a intervenção sham em 24 pacientes do sexo feminino com idade de 18 a 65 anos, com dor crônica de origem miofascial do complexo craniocervicomandibular. Nossa hipótese era de que: (i) a disrupção do sistema modulador descendente da dor correlacionava-se com disfunção na condução corticoespinal, desinibição no nível cortical, e nível sérico do BDNF; (ii) que os efeitos neuromodulatórios da IMES se manifestariam como melhora clínica nos escores de dor e funcionalidade; e (iii) seus efeitos terapêuticos envolvessem mecanismos neuroplásticos implicados na secreção de BDNF, alteração da excitabilidade cortical e corticoespinal e potencialização do sistema modulador descendente da dor. RESULTADOS: (1) A análise MANCOVA, após ajuste para comparações múltiplas por meio do Teste de Bonferroni, revelou que os pacientes com disrupção do sistema modulador descendente da dor apresentaram maior Facilitação Intracortical (ICF; média ± DP) 1,43 (0,3) vs. 1,11 (0,12), maior excitabilidade do sistema corticoespinal (MEP; μV) 1.93 (0,54) vs. 1,40 (0,27), e níveis séricos de BDNF mais elevados (pg/Ml) 32,56 (9,95) vs. 25,59 (10,24), (p < 0,05 para todos), e (2) a análise de variância num modelo de efeito misto demonstrou redução nos escores de dor de -73,02% (IC95% = -95,28 to -52,30), e diminuição da disfunção em -43,19% (IC95%, -57,23 a -29,39), diminuição da excitabilidade corticoespinal (p=0,02), potencialização do sistema modulador descendente da dor ( p=0,01) e aumento dos níveis séricos de BDNF (p<0,01). Além disso, a magnitude do aumento do BDNF foi preditora dos efeitos nos níveis de dor e disfunção a longo prazo (Beta = 0,67; IC95% = 0,07 a 1,26). Esses achados sugerem que o enfraquecimento do sistema descendente inibitório da dor está associado ao aumento da ICF, MEP e níveis séricos do BDNF e o efeito bottom–up induzido pela IMES diminuiu a dor e reduziu a disfunção nessa amostra de pacientes. Esses efeitos podem ser mediados por melhora de mecanismos inibitórios corticoespinais. Outros achados sugerem que a magnitude do aumento do BDNF gerado pela IMES predizeram o impacto nos efeitos clínicos, ao longo de doze semanas, nessa população de pacientes. ...
Abstract
Myofascial pain syndrome (MPS) is one of the most prevalent causes of chronic pain in the population, causing high degrees of disability without normally responding to conservative analgesic treatment. Although its pathophysiology is not completely understood, several processes occur at both peripheral tisue and central and peripheral nervous system levels, leading to a maladaptive neuroplasticity processing in the pain neuromatrix networks, which results in the amplification of their perceptio ...
Myofascial pain syndrome (MPS) is one of the most prevalent causes of chronic pain in the population, causing high degrees of disability without normally responding to conservative analgesic treatment. Although its pathophysiology is not completely understood, several processes occur at both peripheral tisue and central and peripheral nervous system levels, leading to a maladaptive neuroplasticity processing in the pain neuromatrix networks, which results in the amplification of their perception and in the behavioral change observed in its carriers. Evidence suggests that there are three neural systems primarily involved in MPS pain: (i) the corticospinal system; (ii) the descending pain modulating system; and (iii) the neuroplasticity regulating system. Intramuscular electrical stimulation (IMES) is a form of peripheral neuromuscular stimulation that promotes increased regional blood flow, activates centers related to pain processing, and upwardly activates pain modulatory pathways (botton-up effect). In this thesis we aimed to evaluate two questions that gave rise to two articles: (1) if the disruption of the descending pain modulator system, measured by the CPM-task, correlates with corticospinal conduction dysfunction and cortical disinhibition, accessed by Magnetic Stimulation. Transcranial (TMS), and BDNF serum level; and (2) to evaluate the neuromodulatory effects of 10 IMES sessions compared to sham intervention in 24 female patients aged 18 to 65 years with chronic myofascial pain of the craniocervicomandibular complex. Our hypothesis was that: (i) disruption of the descending pain modulatory system was correlated with dysfunction in corticospinal conduction and disinhibition at cortical level and serum BDNF level; (ii) that the neuromodulatory effects of IMES would manifest as clinical improvement in pain scores and functionality; and (iii) its therapeutic effects involved neuroplastic mechanisms involving BDNF secretion, alteration of cortical and corticospinal excitability, and potentiation of the descending pain modulating system. RESULTS: (1) The MANCOVA analysis, after adjustment for multiple comparisons by the Bonferroni Test, revealed that patients with disruption of the descending pain modulatory system had higher Intracortical Facilitation (ICF; mean ± SD) 1.43 (0.3) vs. 1.11 (0.12), greater corticospinal system excitability (MEP; μV) 1.93 (0.54) vs. 1.40 (0.27), and higher serum BDNF levels (pg / Ml) 32.56 (9.95) vs. 25.59 (10.24), (P <0.05 for all), and (2) analysis of variance in a mixed-effect model showed a reduction in pain scores of -73.02% (95% CI = -95.28 to -52.30), and decreased dysfunction by -43,19% (95% CI, -57.23 to -29.39), decreased corticospinal excitability (p = 0.02), potentiation of the descending pain modulating system (p = 0.01) and increased levels BDNF serum levels (p <0.01). In addition, the magnitude of the increase in BDNF leves was predictive of long-term effects on pain and dysfunction levels (Beta = 0.67; 95% CI = 0.07 to 1.26). These findings suggest that the weakening of the descending pain inhibitory system is associated with increased ICF, MEP, and BDNF serum levels, and the IMES-induced bottom-up effect improved pain and reduced dysfunction in this patient population. These effects may be mediated by improvement of corticospinal inhibitory mechanisms. Other findings suggest that the magnitude of the increase in IMES-generated BDNF predicted the long-term impact on clinical effects in this patient population. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Medicina: Ciências Médicas.
Coleções
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Ciências da Saúde (9085)Ciências Médicas (1556)
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