A elite amadora, fora dos pelotões de elite : um estudo etnográfico em uma assessoria esportiva para corredores amadores

Abstract

Este trabalho teve como objetivo aprofundar os estudos acerca do fenômeno urbano da corrida de rua, ocorrido nos últimos anos. Neste fenômeno estão inseridas as assessorias esportivas, surgidas em sua grande maioria a partir dos anos 2000. Desta forma, este trabalho buscou compreender como se constituem e como se mantêm as assessorias esportivas para corredores amadores. Para tanto, optei por realizar uma investigação etnográfica com um grupo de corredores amadores formados por uma assessoria esportiva da cidade de Porto Alegre. Esse grupo, com mais de 150 integrantes, foi observado durante dez meses. Realizei 52 idas a campo e 12 entrevistas com alunos, professores e estagiários. Além disso, como se mostrou relevante para a investigação, foram analisados conteúdos publicados no aplicativo Instagram. Constatei, então, a partir das observações, análises e entrevistas, que o grupo estudado, apesar de se constituir através de uma organização empresarial, é mantido principalmente pelos laços sociais estabelecidos entre os integrantes da equipe, pelo forte sentimento de pertencimento e pela identificação com o universo da corrida. Ainda, as estratégias de posicionamento de mercado praticadas pela empresa estudada atuam no sentido de atrair clientes com os mesmos objetivos e com interesses semelhantes na corrida de rua, favorecendo a permanência na equipe. Essas equipes, formadas a partir de assessorias, podem ser entendidas, apesar de não haver outros trabalhos com essa abordagem, como uma nova forma de associativismo esportivo. Essas organizações se mostram eficazes como forma de organização social, sendo um meio de satisfação de necessidades na prática esportiva em comunidade. Por fim, destaco como principal contribuição deste trabalho a apresentação de informações empíricas que confrontam com alguns consensos acerca da prática da corrida de rua e do associativismo esportivo. This research aims to deepen the studies about the urban phenomenon of road running, that has been occurring for the past years. This phenomenon includes sports consultancy, which appeared mostly in the 2000s. Therefore, this study seeks to understand how this sports consultancy are constituted and supported for amateur runners. For that I chose to conduct an ethnographic research with a group of amateur runners composed by a sports consultancy from the city of Porto Alegre. This group, formed by more than 150 runners, was observed for ten months. I conducted 52 field trips and 12 interviews with students, teachers and interns. Moreover, as it became relevant to this investigation, content published on the app Instagram, was also assayed. From the observations, reviews and interviews, that the related group, despite being formed by a business organization, it is kept mainly by social relations established among the group members, by a strong sense of belonging and identification with the race’s universe. Yet, the marketing position strategies, used by the researched company, acts to attract costumers with the same goals and similar interests in road running, favoring the permanence on the group. These groups, formed from sports consultancy, can be known, although there is no other research with this approach, as a new way to sports associations. These organizations are shown as an effective way of social organization, being a mean to satisfy the necessity of sports practice in a community. In conclusion, I highlighted as the main contribution of this study the submission of empirical information that confront some consensus about the practice of road running and the sports associations.