Miragens de um latifúndio na lua : sobre atravessamentos ideais na direção do tratamento em psicanálise

Abstract

Inspirados em uma pergunta postulada por Freud em "O futuro de uma ilusão" (Que lhe deve importar a miragem de um latifúndio na Lua, de cujas colheitas jamais alguém viu coisa alguma?), buscaremos empreender uma investigação sobre a idealidade e seus atravessamentos na direção do tratamento em psicanálise. Nesse sentido, nos remetemos à temática do "fim da análise", questionando se o fato de se estabelecer que a análise tenha um “fim”, já não esboçaria uma dimensão ideal revestindo seu horizonte? Assim, a questão também se desdobra para quem "dirige" o tratamento; ou seja: ao psicanalista, que lhe deve importar a "miragem de um latifúndio" no fim da análise? Concluímos pensando ser imprescindível “tensionar” as proposições teóricas, justamente para que não escorram pelas vias da idealidade.

Inspired by a question postulated by Freud in “The Future of an Illusion” (Of what use to them is the mirage of wide acres in the moon, whose harvest no one has ever yet seen?), we will seek to undertake an investigation into the ideality and its crossings towards the treatment in psychoanalysis. In this sense, we refer to the theme of the "end of the analysis", questioning whether the fact of establishing that the analysis has an "end", does not already sketch an ideal dimension coating its horizon? Thus, the question also unfolds for who "directs" the treatment; that is: the psychoanalyst, what use to him is the “mirage of wide acres” in the end of analysis? We conclude that it is essential to "stress" the theoretical propositions, precisely so that they do not run down the paths of ideality.