Desgraça, víbora traiçoeira e heroína: a construção de gênero e o feminino através da personagem Mulan

Abstract

O presente trabalho tem por principal objetivo a análise da personagem Mulan, do filme homônimo, e a sua relação com teorias sobre feminismo, construção social de gênero e performatividade, problematizando a produção do feminino na sociedade. Para realizar a análise em questão, esta pesquisa está apoiada em teóricos como Butler (2003, 2018), Foucault (1979, 1987, 1995) e Louro (1995, 2000, 2008), fundamentando as questões de gênero, sexualidade e poder. Após, o trabalho se concentra na análise do filme e da personagem Mulan, relacionando às fundamentações teóricas apresentadas nos capítulos anteriores. Finalmente, ao apontar o papel da publicidade na produção de conteúdos, de sentidos e de sujeitos na forma como determinadas questões de gênero são abordadas, conclui-se que a personagem Mulan torna-se a primeira princesa a proporcionar debates acerca de como o gênero passa a ser performado na sociedade e como padrões sociais de feminino são construídos: possibilitando problematizar a produção do feminino e masculino para além de aprisionamentos em uma lógica binária, sendo tal movimento analítico provocado pela(o) personagem Mulan-Ping na existência performática que esta(e) convoca.

The main objective of the present work is the analysis of the character Mulan, of its homonym film, and its relation with theories on feminism, social construction of gender and performativity, problematizing the production of feminine within society. Drawing upon theorists such as Butler (2003, 2018), Foucault (1979, 1987, 1995) and Louro (1995, 2000, 2008), this paper grounds its analysis on their discussions about the relations amongst gender, sexuality and power. Afterwards, the work focuses on the analysis of the film and character Mulan, relating to the theoretical foundations presented in the previous chapters. Finally, it is pointed out the role of advertising on the production of content, experiences and subjects when articulated to gender matters. As a matter of conclusions, this paper puts forward debates on how gender is performed throughout Mulan and how social patterns towards women are built: thus making it possible to problematize the production of the feminine and masculine beyond a gender binary logic imprisonment, being such analytical movement provoked by the character Mulan-Ping and their performatic existence.