Criança viada : uma investigação

Abstract

Esse trabalho propõe uma análise de duas telas da artista Bia Leite presentes no Queermuseu, e sua relação com os desdobramentos da censura recebida pela exposição. Busca-se descobrir quais os reais elementos que despertaram a perseguição com determinadas obras. A partir de uma leitura de tela detalhada sobre a obra Criança Viada, determina-se a importância da representação do corpo queer, desde a sua infância, ocupar espaços de visibilidade. Se encontra ao longo do trabalho uma dificuldade por parte do espectador de se separar o que é sobre a artista e o que é sobre a obra. Ao introduzir a discussão sobre a invisibilidade de mulheres artistas na história da arte, a presença da obra de Bia ganha uma dupla importância. Procurando demonstrar que apesar das dificuldades, a produção artística feminina existe e resiste há muito tempo, os pensamentos de Linda Nochlin ganham uma dimensão incrivelmente atual. Com esses diversos pontos trazidos se evidencia a arbitrária e infundada censura sofrida pelo Queermuseu, elucidando que apologias à pedofilia e zoofilia estavam presentes somente no olhar preconceituoso e distorcido do espectador.

This work proposes an analysis of two canvases painted by the artist Bia Leite present in the Queermuseu, and their relation with the unfolding of the censorship received by the exhibition. The work proposes to understand what are the real elements that have leveraged the persecution with certain artworks. From a detailed reading of the canvas Criança Viada, it is determined the importance of the representation of the queer body, since its childhood, occupying spaces of visibility. From the spectator's point of view, it is difficult to separate what is related to the artist and what is related to the artwork. Introducing the discussion on the invisibility of women artists in the history of art, the presence of Bia's work gains double importance. Aiming to demonstrate that despite the difficulties, the feminine artistic production exists and resists for a long time, the thoughts of Linda Nochlin gain an incredibly current dimension. With these several points brought to light, the arbitrary and unfounded censorship suffered by the Queermuseu was evident, elucidating that apologies to pedophilia and zoophilia were present only in the spectator's prejudiced and distorted gaze.