Os desafios do plástico e cenários para o futuro

Abstract

O advento dos polímeros classificados como plástico e o aumento exponencial da sua utilização observado a partir da segunda metade do século XX trouxeram diversos benefícios. Por ser leve, durável e barato possibilitou ganhos de eficiência em veículos, a massificação de produtos eletrônicos, usos inovadores no setor da saúde e ajudou a aumentar o tempo de prateleira dos alimentos comercializados. Entretanto, algumas características que fizeram esses polímeros atraentes também o tornam um grande problema ambiental. A resistência e a alta durabilidade do plástico fazem com que os resíduos despejados no meio ambiente, particularmente nos oceanos, se acumulem e ameacem a fauna, que confunde os resíduos por alimentos e são contaminados ou feridos. Exacerbando este fenômeno, o setor de embalagens plásticas, itens de baixíssimo tempo de vida útil, hoje representa 36% da produção total de polímeros, devido ao seu baixo custo de produção e às suas capacidades isolantes. Há ainda preocupações com os efeitos sobre a saúde humana do plástico e do uso excessivo de petróleo e gás natural, fontes não renováveis, para a sua produção. Neste contexto, este trabalho apresenta uma série de cenários futuros, estendendo-se até 2050, da produção de plástico e da geração acumulada dos seus resíduos. Tais projeções têm como objetivo auxiliar na construção de estratégias para lidar com a questão, dado o elevado volume de produção observado. Mesmo em um cenário de forte restrição ao consumo, ainda deve haver despejo de milhões de toneladas de plástico nos oceanos nas próximas décadas. Sendo assim, conclui-se que é necessário um conjunto de medidas para limitar os danos causados pelo plástico, incluindo redução do consumo, aumento da taxa de reciclagem, inovação tecnológica e medidas reparatórias.

The advent of the group of polymers classified as plastic and the exponential increase in their use observed from the second half of the twentieth century onwards brought several benefits to the general populace. As it is lightweight, durable and inexpensive, it has enabled vehicle efficiency gains, mass-market electronics, innovative uses in the healthcare industry and helped increase the shelf life of foods. However, some features that made these polymers appealing also make them a major environmental problem. The resistance and high durability of plastics make the waste dumped in the environment, particularly in the oceans, accumulate and threaten marine fauna, which confuses waste by food and is contaminated or injured. Aggravating this phenomenon, the plastic packaging sector, items with extremely short lifespan, today represents 36% of the total production of polymers, due its low cost and insulation capacities of plastics. There are also concerns about the effects on human health of plastic consumption and the excessive use of oil and natural gas, non-renewable sources, for their production. Given this scenario, this paper presents a series of future scenarios, extending up to 2050, of plastic production and the accumulated generation of its waste. These projections aim to help in coming up with a framework of strategies to deal with this issue, given the high volume of production that we already have. Even in a scenario of strong restrictions on consumption, millions of tons of plastic will still be dumped in the oceans in the coming decades. Therefore, it is concluded that an array of measures is needed to limit the damage caused by plastics, including consumption reduction, increased recycling rates, technological innovation and remedial measures.