Aspectos ecológicos de acarofauna em pomar orgânico de tangerina tangor "Murcott" em Montenegro, RS

Abstract

A citricultura orgânica no Brasil possui uma área plantada em torno de 1 milhão de hectares apresentando produção superior a 19 milhões de toneladas/ano. Entre os problemas fitossanitários presentes na citricultura orgânica figuram várias espécies de ácaros fitófagos que ocasionam danos e reduzem a produção. Com este trabalho objetivou-se conhecer aspectos ecológicos como diversidade, sazonalidade, distribuição espacial e a associação da acarofauna a galerias de Phyllocnistis citrella em dois pomares de tangerineira Tangor ‘Murcott’ com manejo orgânico no município de Montenegro, RS. Amostragens mensais foram realizadas de maio de 2012 a fevereiro de 2013 onde foram coletadas folhas de diferentes locais das tangerineiras. Todos os ácaros foram retirados das folhas e sua presença na face abaxial e adaxial foi contabilizada. Registrou-se 6.641 ácaros adultos, pertencentes a 40 morfoespécies distribuídas em 15 famílias. As espécies mais abundantes foram Tegolophus brunneus, Brevipalpus phoenicis, Tarsonemus sp. 1, Amblyseius saopaulos e Tetranychus urticae. Os pomares não apresentaram diferenças estatísticas quanto a sua diversidade e similaridade. Na análise geral, a comunidade apresentou preferência pelo lado externo da copa das tangerineiras. Entre as espécies, B. phoenicis apresentou correlação positiva ao lado interno da copa. A análise de componentes principais indicou correlação entre Acaridae morfo 1, Tarsonemus sp. 1, A. saopaulos e Dendroptus sp. ao quadrante Leste, A. brasiliensis a Oeste, B. phoenicis ao Norte e T. brunneus ao Sul. Em relação à idade das folhas, Acaridae 1, A. saopaulos, B. phoenicis, T. brunneus e Tarsonemus sp. 1 estiveram associadas às folhas maduras. T. brunneus apresentou preferência pela face adaxial das folhas, enquanto as demais espécies foram mais abundantes na face abaxial das folhas de tangerineira. Tarsonemus sp.1 e T. urticae apresentaram associação positiva à minas de P. citrella. O menor número de ácaros foi registrado no inverno e o maior no verão, confirmando o padrão de sazonalidade conhecido para a acarofauna. A análise biológica dos dados sugere a relação predador-presa entre A. saopaulos e T. urticae.

The organic citrus production in Brazil has planted area of around 1 million hectares with production of over 19 million tons/year. Among the phytossanitary problems present in organic citrus include several phytophagous mites that cause damage and reduce production. This work aimed to meet ecological aspects such as diversity, seasonality, spatial distribution and association of mites to Phyllocnistis citrella galleries in two orchards of ‘Murcot’ mandarin with organic management in Montenegro, RS. Monthly samplings were performed from May 2012 to February 2013, which leaves from different locations of mandarin were collected. All mites were removed from the leaves and their presence on the abaxial and adaxial surface was record. Registered 6,641 adult mites belonging to 40 morphospecies distributed in 15 families. The most abundant species were Tegolophus brunneus, Brevipalpus phoenicis, Acaridae morpho 1, Tarsonemus sp. 1, Amblyseius saopaulos and Tetranychus urticae. The orchards showed no statistical differences in their diversity and similarity. In the overall analysis, the community showed preference for the outside of the canopy mandarin. Among the species, B. phoenicis showed positive correlation inside of the canopy. The principal component analysis indicated correlation between Acaridae morpho 1, Tarsonemus sp. 1, A. saopaulos and Dendroptus sp. to the Eastern quadrant, A. brasiliensis to West quadrant, B. phoenicis to North and T. brunneus to South. In regard to age of the leaves, Acaridae 1, A. saopaulos, B. phoenicis, T. brunneus and Tarsonemus sp. 1 was associated with the mature leaves. T. brunneus showed preference for the adaxial face of leaves, while the other species were more abundant in the lower surface of the leaves of mandarin. Tarsonemus sp.1 and T. urticae showed a positive association with P. citrella mines. The lowest number of mites was recorded in winter and higher in summer, confirming the seasonal pattern known for mites. A biological analysis of the data suggests the predator-prey relationship between A. saopaulos and T. urticae.