A guerra ao terror a partir de uma perspectiva feminista pós colonial

Abstract

A guerra ao terror, executada pelos Estados Unidos da América(EUA), no imediato pós 11 de setembro de 2001, foi uma política tanto territorial quanto cultural que possuiu consequências imediatas no Mundo Árabe-Muçulmano. Esta política de combate ao terrorismo se sustentou por meio do mito dos “norte-americanos justiceiros que estariam dispostos a levar a liberdade a mulheres árabes-muçulmanas reprimidas por seus conterrâneos bárbaros e selvagens”, para consolidar políticas geoestratégicas na região árabe-muçulmana. Nesse sentido o feminismo anglo-saxão foi utilizado como bandeira para legitimar interesses de política externa na região a partir da narrativa de que a mulher árabe-muçulmana precisa ser salva dos compatriotas bárbaros. A pergunta levantada aqui é: de que forma o feminismo pós colonial auxilia a localizar uma "política camuflada" no discurso de salvação da mulher muçulmana na guerra ao terror, desde o seu início, imediatamente após o 11 de setembro, para legitimar a intervenção do Afeganistão e do Iraque? O objetivo geral desta pesquisa é compreender a instrumentalização da retórica de salvação da mulher árabe-muçulmana na Guerra ao Terror seus objetivos específicos são: (I) compreender a contribuição feminista e pós-colonial nas relações internacionais; (II) entender como a instrumentalização da retórica de salvação da mulher muçulmana na Guerra ao Terror interage com o lugar da mulher muçulmana no discurso imperialista europeu. A metodologia de pesquisa baseia em textos teóricos que discutem raça, classe e gênero em suas relações com poder desenvolvida por Ashcroft, Spivak, Mohanty, Said. As conclusões da pesquisa apontam para um contínuo do orientalismo europeu sobre novos moldes discursivos na contemporaneidade norte-americana.

The immediate post-September 11, 2001, war on terror was a territorial and cultural foreign policy that had immediate consequences in the Arab-Muslim world. This counter-terrorism policy was supported by the myth of "vigilante Americans who would be willing to bring freedom to Arab-Muslim women repressed by their barbaric and savage countrymen" to consolidate geo-strategic policies in the Arab-Muslim region. In this sense, Anglo-Saxon feminism was used as a flag to legitimize foreign policy interests in the region from the narrative that Arab-Muslim women need to be saved from barbarian compatriots. The question raised here is: how does post-colonial feminism help locate a "camouflaged policy" in the Muslim woman's discourse on the salvation of the Muslims in the war on terror since its inception, immediately after 9/11, to legitimize the intervention of the Afghanistan and Iraq? The general objective of this research is to understand the instrumentalization of the Arab-Muslim woman's rhetoric of salvation in the War on Terror. Its specific objectives are: (1) to understand the feminist and postcolonial contribution in international relations; (II) to understand how the instrumentalization of the Muslim woman's rhetoric of salvation in the War on Terror interacts with the place of the Muslim woman in the European imperialist discourse. The research methodology is based on theoretical texts that discuss race, class and gender in their relations with power developed by Ashcroft, Spivak, Mohanty, Said. The conclusions of the research point to a continuum of European Orientalism on new discursive forms in the North American contemporaneity.