Epicteto e a racionalidade parte-todo nas Diatribes
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Data
2019Autor
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Assunto
Resumo
Não é controverso que o critério da correção das ações segundo os estoicos era debitário de alguma forma de racionalidade. Mas qual forma? Este artigo procura responder a essa questão a partir das Diatribes de Epicteto. Duas teses em torno das quais argumentos para a correção são construídos mostram o caminho. A primeira é que a nossa capacidade racional nos dá a entender a relação de parte/todo e esta relação atribui racionalidade às nossas ações. Com efeito, é porque o agente racional entende ...
Não é controverso que o critério da correção das ações segundo os estoicos era debitário de alguma forma de racionalidade. Mas qual forma? Este artigo procura responder a essa questão a partir das Diatribes de Epicteto. Duas teses em torno das quais argumentos para a correção são construídos mostram o caminho. A primeira é que a nossa capacidade racional nos dá a entender a relação de parte/todo e esta relação atribui racionalidade às nossas ações. Com efeito, é porque o agente racional entende suas ações como pertencentes a um todo que elas adquirem inteligibilidade em termos de bondade. As ações são boas e devem ser feitas na medida em que são partes do todo que é bom. A segunda tese é que temos deveres na medida em que somos parte deste todo. Isto decorre de uma noção de função da parte em relação ao todo bem como entre as partes na sua relação com o todo. Podemos acrescentar nesse quadro, uma terceira tese. O resultado da ação das partes é sempre determinado em relação ao todo, de modo que não há espaço para o acaso. Uma vez que os resultados não dependem senão parcialmente da agência das partes tomadas isoladamente, eles não mais asseguram inteligibilidade à ação humana. É por isso que a bondade da ação é derivada inteiramente da relação parte-todo. ...
Abstract
It is uncontroversial that the criterion of correction for actions according to the Stoics was due to some form of rationality. What is not uncontroversial is the form of this rationality. This article seeks to answer this question on the basis of Epictetus’ Diatribes. Two theses - on which arguments for the best actions are built - are central to this contention. The first is that our rational capacity allows us to understand the relation of part/whole and this relation attributes rationality ...
It is uncontroversial that the criterion of correction for actions according to the Stoics was due to some form of rationality. What is not uncontroversial is the form of this rationality. This article seeks to answer this question on the basis of Epictetus’ Diatribes. Two theses - on which arguments for the best actions are built - are central to this contention. The first is that our rational capacity allows us to understand the relation of part/whole and this relation attributes rationality to our actions. It is because the rational agent understands her actions as belonging to a whole that they acquire intelligibility as good. Actions are good and should be done to the extent that they are parts of the whole that is good. The second thesis is that we have duties insofar as we are part of this whole. This stems from a notion of the function of the part regarding the whole as well as between the parts in their relation to the whole. We may add a third thesis which is fundamental to stoicism. Since the whole determines all the results obtained by the part, these results will depend only partially on the agency of the parts taken in isolation. So, the results no longer guarantee intelligibility to human action. That is why the goodness of an action is derived entirely from the part-whole relationship. ...
Contido em
Prometeus. São Cristóvão, SE. N. 29 (Jan./Apr. 2019), p. [73]-87
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