Psicologia e despatologização da população de pessoas trans e travestis : repensando as práticas psi

Abstract

O tema principal desta pesquisa está centrado na relação da psicologia com a população de pessoas trans e travestis, considerando suas interseccionalidades. Historicamente, a população de travestis e transexuais é objeto de classificação e diagnóstico patologizante pelas ciências biomédicas e psi, utilizando critérios que desconsideram a diversidade e, ao mesmo tempo, a singularidade das trajetórias de cada sujeito. Ao encontro dos movimentos de despatologização, este trabalho visa a questionar como as práticas estabelecidas pelos/as psicólogos e psicólogas na atenção à população de pessoas trans e travestis, tanto na rede pública quanto na rede particular de saúde mental. ​O estudo foi realizado através de entrevistas individuais semi-estruturadas com a população trans e travesti buscando a percepção sobre o atendimento pelos profissionais da psicologia. A análise considerou as interseccionalidades que constituem estes sujeitos e orientam suas vivências, tendo como embasamento a ​analítica queer​, a qual busca problematizar e desconstruir a lógica heterocisnormativa que baliza a sexualidade e o desejo na organização das relações sociais. As narrativas das pessoas trans e travestis entrevistadas indicam que a psicologia e demais serviços de saúde carecem de formação profissional e de práticas humanizantes para compreender e atender às demandas dessas populações.