Contemplação assíncrona : a estratégia de viver a vida pós-pedido de demissão de trabalhadores do setor bancário

Abstract

Este estudo objetivou apresentar e analisar a estratégia de viver a vida pós-pedido de demissão de trabalhadores do setor bancário. A base teórica adotada alicerça-se na perspectiva do trabalho bancário como trabalho imaterial (GRISCI, 2002; 2006; 2008; GRISCI, BESSI, 2004), na sociedade líquido-moderna (BAUMAN, 2001, 2007a; 2007b; 2011; BAUMAN; DESSAL, 2017), e na estratégia existencial consumista (BAUMAN, 2008) no que tange à rentabilização de si (GAULEJAC, 2007; GORZ, 2005). A pesquisa caracterizou-se como exploratória qualitativa e contou com a participação de 27 trabalhadores bancários que pediram demissão. Os seis bancos nos quais trabalhavam – três públicos e três privados – concentraram as maiores quantidades de desligamentos homologados pelo Sindicato dos Bancários de Porto Alegre/RS entre os anos de 2015 e 2017. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas. A análise de conteúdo seguiu orientações de Minayo et al. (2009) e resultou em quatro categorias de análise: (i) os trabalhadores bancários que pediram demissão de bancos públicos e privados; (ii) o trabalho bancário na perspectiva de trabalhadores que pediram demissão de bancos públicos e privados; (iii) o pedido de demissão; (iiii) a estratégia de viver a vida pós-pedido de demissão do trabalho bancário. O estudo possibilitou perceber relações diretas entre banco público e privado; perspectiva temporal – curto e longo prazo; estilo de vida – pautado na liberdade e na segurança; e situação de trabalho atual. Da tensão existente entre esses elementos resultou a estratégia de viver a vida que mostra um e outro elemento contemplado, mas não de modo concomitante. Denominada estratégia de contemplação assíncrona, se mostra em meio à renúncia de algo em detrimento de outro com vistas a uma vida suportável.

This study aimed to analyze and present strategies of living of workers of the banking sector post-resignation. The theoretical basis adopted is grounded on the perspective of banking work as immaterial labor (GRISCI, 2002; 2006; 2008; GRISCI, BESSI, 2004), in the modern-liquid society (BAUMAN, 2001, 2007a; 2007b; 2011; BAUMAN; DESSAL, 2017), and in the existential consumerist strategy (BAUMAN, 2008) with regard to the profitability of itself (GAULEJAC, 2007; GORZ, 2005). The research was characterized as qualitative exploratory and had the participation of 27 bank workers who resigned. The six banks in which they worked - three public and three private - concentrated the largest amounts of dismissals approved by the Banking Union of Porto Alegre / RS between the years 2015 and 2017. Data collection took place through semi-structured interviews. The content analysis followed guidelines of Minayo et al. (2009) and resulted in four categories of analysis: (i) bank workers who have resigned from public and private banks; (ii) banking work from the perspective of workers who have resigned from public and private banks; (iii) the request for resignation; (iiii) the strategy of living after the resignation of the banking work. The study made it possible to perceive direct relationships between public and private banks; temporal perspective - short and long term; lifestyle - based on freedom and security; and current work situation. From the tension found between these elements resulted the strategy of living that shows one and another contemplated element, but not concomitantly. Called strategy of asynchronous contemplation, it shows itself in the middle of the renunciation of something to the detriment of another with a view to a bearable life.