Downburst ou tornado : construções do evento atmosférico de 29 de janeiro de 2016 em Porto Alegre/RS

Abstract

Em 29 de janeiro de 2016, houve um temporal intenso em Porto Alegre, que gerou destruição na zona central da cidade, como queda de árvores, quebra de janelas, destelhamento de residências, estabelecimentos comerciais e prédios públicos, assim como o corte no fornecimento de energia elétrica, água, telefone e internet. O presente trabalho investigou os dias posteriores a esse evento atmosférico, buscando traçar uma cronologia da sua construção por parte de meteorologistas, através de material publicado na imprensa. Também tratou-se de compreender como se deu o processo de construção desse evento por dois meteorologistas, um vinculado ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e outro à Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). Procurou-se entender o que se passou nos espaços e momentos não relatados pelos jornais, quais instrumentos foram mobilizados e quais fatores foram levados em conta para a conclusão de que ocorreu um tornado ou um downburst. Finalmente, entendeu-se que o evento não foi simplesmente nomeado pelos meteorologistas: ele foi construído e performado. Nesse sentido, diferentes versões ontológicas do evento coexistiram, cada uma com consequências distintas.

On January 29, 2016, there was an intense storm in Porto Alegre, Brazil, which caused destruction in the central area of the city, such as fall of trees, broken windows, unroofing of houses, commercial establishments and public buildings, as well as the cut of the supply of electricity, water, telephone and internet. The present work investigated the days after this atmospheric event, seeking to trace a chronology of its construction by meteorologists, through material published in the press. It was also pursued to understand how worked the process of construction of this event by two meteorologists, one that worked in the National Institute of Meteorology (INMET) and another in the State Company of Electrical Power (CEEE). The objective by doing this was to understand what happened in the spaces and moments not reported by the press, what instruments were mobilized and what factors were taken into account for the conclusion that a tornado or a downburst had occurred. Finally, it was understood that the event was not simply named by meteorologists: it was built, performed and enacted. In this sense, different ontological versions of the event coexisted, each one entailing different consequences.