Custering e switching em tarefas de fluência verbal semântica e ortográfica : metodologia e desempenho de crianças de 6 a 12 anos

Abstract

Esta dissertação é composta por dois estudos conduzidos de acordo com a abordagem da Neuropsicologia Cognitiva, a fim de compreender os efeitos da idade, do tipo de escola e tipo de tarefa no desempenho da fluência verbal em crianças de 6 a 12 anos. No primeiro estudo descreveu-se a adaptação ao contexto brasileiro da metodologia para análises dos componentes cognitivos de clustering e switching em tarefas de fluência verbal semântica (FVS) e ortográfica (FVO). Nesse estudo foram descritas as etapas de adaptação, realizada análise de juízes para evidência de fidedignidade do método e disponibilizada a versão final para categorização das variáveis de clustering e switching para clínicos e pesquisadores. O segundo estudo buscou comparar o desempenho quanti e qualitativo (variáveis de clustering e switching) de três grupos etários de crianças (6-8 anos, 9-10 anos e 11-12 anos) de dois tipos de escola (pública e privada) em duas tarefas de fluência verbal (semântica e ortográfica), e ainda verificar associações entre as variáveis de desempenho da fluência verbal, idade e desempenho em tarefas de linguagem, memória de trabalho e de funções executivas. Foram encontradas diferenças significativas nos desempenhos quanti e qualitativos nos diferentes grupos etários e nos tipos de tarefas, mas não foram encontrados efeitos do tipo de escola. Na FVO o grupo de 11-12 anos apresentou desempenho superior aos demais, com aumento do número de clusters e de switches, o que parece estar associado à maturação das funções executivas. Na FVS as diferenças de desempenho aparecem já entre os grupos mais jovens, mas também se verifica mudanças nas variáveis referentes à recuperação estratégica (números de clusters e de switches). Todos os participantes apresentaram melhor desempenho na FVS em relação à FVO. Encontrou-se associação entre os desempenhos das variáveis de clustering e switching com o número de palavras evocadas em ambas as tarefas de FV, assim como com a idade e com o desempenho nas tarefas de linguagem, memória de trabalho e funções executivas. A presente dissertação destaca a importância de estudar os processamentos subjacentes ao desempenho em tarefas de FV, pois auxiliam a compreender quais habilidades neuropsicológicas estão envolvidas nas estratégias de evocação lexical, podendo ser úteis no prognóstico e no planejamento de intervenções em distúrbios neuropsicológicos/neuropsiquiátricos durante a infância.

This thesis consists of two studies conducted in accordance with the approach of Cognitive Neuropsychology, in order to understand the effects of age, type of school and type of task in verbal fluency (VF) performance in 6-12 years old children. The first study described the adaptation to the Brazilian context of the methodology for clustering and switching analysis in semantic (SVF) and phonemic (PVF) verbal fluency task. This study described the fitting process, performed analysis of judges for reliability evidence and presented the final version for clustering and switching variables to clinicians and researchers. The second study compared the quantitative and qualitative performance (clustering and switching variables) of three age groups of children (6-8 years, 9-10 years and 11-12 years), two types of school (public and private) and two verbal fluency tasks (semantic and phonemic), verified associations between verbal fluency performance on general scores and clustering e switching scores, age and performance on language, working memory and executive functions tasks. Age and type of tasks had a significant effect in the general and clustering and switching scores, but we haven’t found type of school effects on the variables. PVF performance improved at 11-12 years and appears to be associated with the maturation of executive functions, by the increasing of number of clusters and number of switches. SVF performance differences have already appeared among younger groups, but also observed changes in variables related to strategic recovery. All participants performed better in SVF regarding the PVF. An association was found in the performance of clustering and switching scores with the number of words retrieved in both VF tasks, as well as age and performance on language, working memory and executive functions tasks. This work highlights the importance of studying the underlying cognitive processes on the performance of VF tasks. Understanding these cognitive processes may be useful tools to investigate the prognosis and to plane neuropsychological interventions in neuropsychiatric disorders during childhood.