Estudos sobre qualidade vida e resiliência em crianças e adolescentes com transtorno bipolar

Abstract

Introdução: o transtorno bipolar é uma das mais graves doenças que podem acometer crianças e adolescentes. Estudos indicam que a qualidade de vida desta população é baixa. Apesar de existirem vários estudos sobre os resultados dos tratamentos psicofarmacológicos, poucos abordam de forma abrangente resposta funcional, como qualidade de vida e resiliência nesta população. Objetivos: dois estudos diferentes serão utilizados para esta dissertação. Através de um estudo transversal, mediremos níveis de qualidade de vida e de resiliência em crianças e adolescentes diagnosticados com transtorno de humor bipolar do Programa de Crianças e Adolescentes Bipolares/HCPA, comparando-as com as mesmas medidas realizadas em controles saudáveis. No outro estudo, um ensaio clínico aberto, avaliaremos possíveis mudanças na qualidade de vida após iniciar tratamento com aripiprazol em crianças e adolescentes com transtorno bipolar e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade comórbido. Métodos: no estudo caso-controle transversal, avaliamos a qualidade de vida e a resiliência de 31 crianças e adolescentes com transtorno bipolar e de 45 controles com desenvolvimento típico. A qualidade de vida de crianças foi aferida pela escala Autoquestionnaire Qualité de Vie Enfant Imagé (AUQEI) e a de adolescentes pela YQoL-R. A resiliência foi aferida pela escala Resilience Scale. Foi realizada uma comparação entre casos e controles, visando buscar diferenças entre as medidas. No ensaio clínico, a qualidade de vida de 12 adolescentes bipolares foi avaliada antes e após seis semanas de uso de aripiprazol através da escala Youth Quality of Life Instrument – Research version (YQoL-R). 6 Resultados: no primeiro artigo demonstramos diferenças significativas entre as pontuações dos pacientes e controles tanto em qualidade de vida quanto em resiliência, sendo a presença do transtorno bipolar o principal fator relacionado às diferenças encontradas. No segundo artigo, encontramos melhora significativa na qualidade de vida percebida após seis semanas de tratamento medicamentoso, assim como melhora nas escalas de avaliação clínica. A melhora na qualidade de vida não foi correlacionada a melhora dos sintomas de humor. Conclusões: o transtorno bipolar causa diminuição significativa da qualidade de vida e da resiliência em crianças e adolescentes. O tratamento com fármacos melhorou a pontuação na qualidade de vida perceptível dos pacientes. Futuras intervenções devem abordar não somente desfechos de sintomas, mas também resiliência e qualidade de vida nessa população.

Introduction: bipolar disorder is one of the most serious diseases that can affect children and adolescents. Studies indicate that the quality of life of this population is low. Although there are several studies on the results of psychopharmacological treatments, few address a comprehensive functional response, such as quality of life and resilience in this population. Objective: two different studies will be used for this dissertation. Through a cross-sectional study, we will measure levels of quality of life and resilience in children and adolescents diagnosed with bipolar disorder of the Child and Adolescent Bipolar Program / HCPA, comparing them with the same measures performed in healthy controls. In the other study, an open clinical trial, we will evaluate possible changes in quality of life after starting treatment with aripiprazole in children and adolescents with bipolar disorder and comorbid attention deficit hyperactivity disorder. Methods: In the clinical trial, the quality of life of 12 bipolar adolescents was assessed before and after six weeks of use of aripiprazole through the Youth Quality of Life Instrument - Research (YQoL-R) scale. In the cross-sectional case-control study, we evaluated the quality of life and resilience of children and adolescents with bipolar disorder and controls with typical development. The quality of life of children was measured by the Autoquestionnaire Qualité de Vie Enfant Imagé (AUQEI) and adolescents by YQoL-R. Resilience was measured by the Resilience Scale. A comparison was made between cases and controls, aiming to seek differences between the measures. Results: in the first article we demonstrated significant differences between patients' scores and controls in both quality of life and resilience, and the presence of 8 bipolar disorder was the main factor related to the differences found. In the second article, we found a significant improvement in perceived quality of life after six weeks of drug treatment, as well as improvement in the clinical evaluation scales. The improvement in the quality of life was not correlated with the improvement of mood symptoms. Conclusion: bipolar disorder causes a significant decrease in quality of life and resilience in children and adolescents. Drug treatment improved scores on perceived quality of life of patients. Future interventions should address not only symptom outcomes, but also resilience and quality of life in this population.