Composição nutricional e biodisponibilidade de ferro de dietas para emagrecimento divulgadas em revistas não científicas

Abstract

Introdução: No Brasil, a prevalência de excesso de peso em adultos é de 41,1% em homens e 40,0% em mulheres. Portanto, a perda de peso tem sido uma preocupação comum para a população adulta. Entretanto, as tentativas utilizadas para emagrecimento nem sempre são as convencionais (dieta equilibrada com redução calórica e prática regular de atividade física). Neste sentido, é crescente o surgimento de dietas populares para combater a obesidade, principalmente nas últimas três décadas. Objetivos: Comparar a composição nutricional de dietas para emagrecimento encontradas em revistas femininas de circulação nacional com as recomendações dietéticas atuais de macro- e micronutrientes preconizadas para mulheres adultas jovens. Avaliar a biodisponibilidade de ferro no almoço e jantar e aporte energético de acordo com mês considerando sazonalidade. Materiais e métodos: Foram selecionadas dietas e/ou cardápios para emagrecimento ou manutenção de peso a partir de edições consecutivas de revistas femininas não científicas com o principal apelo publicitário para emagrecimento, publicadas no ano de 2007. A composição nutricional dos cardápios foi calculada (Programa de Apoio a Nutrição Nutwin®) e comparada com as recomendações atuais para macronutrientes (Third Report of The National Cholesterol Education Program - NCEP ATP III) e micronutrientes [ácido fólico, cálcio, ferro e vitamina C (Dietary References Intake - DRI's)]. A biodisponibilidade de ferro das principais refeições (almoço e jantar) também foi calculada. Resultados: Foram analisados 86 cardápios de 17 exemplares de duas editoras. O aporte energético dos cardápios variou de 708,7 a 1822,1 kcal/dia. Ao comparar com as recomendações de macronutrientes, 80 (93%) cardápios apresentaram quantidade excessiva de proteínas, 56 (65,1%) cardápios tinham quantidade insuficiente de carboidratos e 41 (47,7%) cardápios continham quantidade insuficiente de lipídeos. Em relação às recomendações de micronutrientes, 71 (82,6%) dos cardápios tinham quantidade inadequada de folato, 19 (22,1%) de cálcio, 12 (14%) de vitamina C e 27 (31,4%) de ferro para mulheres em idade fértil. O aporte calórico dos cardápios das revistas publicadas no mês de janeiro foi menor quando comparado com os cardápios do mês de setembro [907,7 (665,81-1149,5) vs 1538,1 (1333,8-1742,4) kcal/dia; P=0,009], sem diferenças entre os demais meses. Foram observadas correlações positivas entre o conteúdo de energia total (kcal/ dia) e o conteúdo de cálcio (mg/dia; r = 0,438); de ferro (mg/dia; r = 0,419) e de folato (mcg/dia; r = 0,345) nos cardápios (n=86; P<0,001 para todas as correlações). Conclusão: Foi observada uma grande proporção de cardápios inadequados em relação às recomendações dietéticas vigentes para mulheres em idade fértil. Considerando a amplitude deste tipo de divulgação de dietas de emagrecimento e sucetibilidade da população alvo (leitoras), os resultados do presente trabalho reforçam o alerta aos profissionais de saúde para a criação de estratégias de esclarecimento da importância de emagrecimento com uma alimentação adequada às leitoras, para uma melhor utilização destes instrumentos de divulgação em massa.