Transtornos de ansiedade e linguagem em crianças e adolescentes : estudos de neuropsicologia e neuroimagem funcional
Fecha
2016Autor
Tutor
Nivel académico
Doctorado
Tipo
Materia
Resumo
Os transtornos de ansiedade são o grupo de transtornos psiquiátricos mais comum na infância e adolescência. Embora avanços significativos tenham sido feitos para identificar os melhores tratamentos para crianças ansiosas, ainda pouco se sabe sobre a base neural subjacente a esses transtornos. Nesse sentido, essa tese teve por objetivo investigar a linguagem como pano de fundo para o entendimento dos transtornos de ansiedade através de avaliações neuropsicológicas e de neuroimagem funcional, lev ...
Os transtornos de ansiedade são o grupo de transtornos psiquiátricos mais comum na infância e adolescência. Embora avanços significativos tenham sido feitos para identificar os melhores tratamentos para crianças ansiosas, ainda pouco se sabe sobre a base neural subjacente a esses transtornos. Nesse sentido, essa tese teve por objetivo investigar a linguagem como pano de fundo para o entendimento dos transtornos de ansiedade através de avaliações neuropsicológicas e de neuroimagem funcional, levando em consideração que pobres habilidades de linguagem podem levar a reações negativas no meio de convívio, vieses de interpretação e comportamento de esquiva em situações sociais. Os três artigos aqui apresentados são resultado de dois projetos. O primeiro artigo é resultado da fase de avaliação (linha de base) de crianças (6 -12 anos) participantes de um ensaio clínico randomizado para ansiedade infantil. O segundo e terceiro artigos são resultados de um seguimento de pacientes e indivíduos de comparação - adolescentes e adultos jovens (15 – 20 anos) - acompanhados pelos últimos 5 anos, oriundos de amostra comunitária. O primeiro artigo (Verbal fluency and severity of anxiety disorders in young children) teve como objetivo investigar o desempenho em testes de fluência verbal fonêmica com a gravidade dos sintomas de ansiedade em crianças. Os resultados mostraram uma associação entre sintomatologia ansiosa e o número de clusters (agrupamento de palavras que começam com as mesmas duas primeiras letras, diferem em uma única vogal, produzem rima ou homônimos). Os resultados replicam e avançam no entendimento de achados anteriores mostrando que a fluência verbal é consistentemente associada com a gravidade dos transtornos de ansiedade desde a infância. Além disso, nesse trabalho nós mostramos que essa associação é independente de sintomas comórbidos de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Nossos dados reforçam a importância da fluência verbal como um marcador de gravidade para a ansiedade e incentivam o desenvolvimento de novos estudos com o objetivo de investigar mecanismos acerca da relação entre fluência verbal e ansiedade e suas implicações terapêuticas. O segundo artigo (Anxiety-related down-regulation of thalamic regions in the processing of sad and angry emotional narratives) teve como objetivo investigar, através de ressonância magnética funcional, o processamento de narrativas de cunho emocional em comparação com conteúdo neutro, em adolescentes e jovens adultos com transtorno de ansiedade, em relação a um grupo de comparação com desenvolvimento típico. Os resultados mostraram uma hipoativação no tálamo, modulado pela emoção no contraste triste vs. neutro e raiva vs. neutro, em indivíduos com transtorno de ansiedade. Além disso, observou-se efeito da emoção em outras dez áreas cerebrais relacionadas com a linguagem e atenção (junção temporoparietal esquerda, giro pré-frontal medial direito, giro frontal inferior esquerdo, giro frontal medial esquerdo, cingulado posterior/precuneo, lobo parietal inferior esquerdo, giro temporal medial esquerdo, giro lingual esquerdo, giro temporal medial esquerdo, giro frontal inferior direito). Os resultados sugerem que pacientes com transtornos de ansiedade apresentam menor ativação talâmica relacionada a emoções negativas do que indivíduos de comparação, implicando um processamento aberrante de informações negativas nesses indivíduos. O terceiro artigo (Amygdala-based intrinsic functional connectivity and anxiety disorders in adolescents and young adults) teve como objetivo investigar a conectividade intrínseca de sub-regiões da amigdala em pacientes com transtorno de ansiedade quando comparados ao grupo sem o transtorno, através de exame de neuroimagem funcional em repouso. Os resultados mostraram conexões aberrantes entre a amigdala basolateral esquerda e cinco regiões cerebrais: giro pré-central direito, cingulado direito, precuneo bilateralmente e giro frontal superior. Essas diferenças entre os grupos se refletem em uma maior coativação entre a amigdala e essas cinco regiões em indivíduos ansiosos, enquanto que em indivíduos não ansiosos ou essa coativação da amigdala com essas regiões não é significativa ou é inversa (como acontece no giro cingulado direito e precuneo direito). Os dados mostraram importante disfunção na conectividade intrínseca entre a amigdala basolateral esquerda com o córtex motor, em áreas envolvidas na regulação emocional e rede de modo padrão. Os resultados desse conjunto de estudos trazem informações importantes sobre a fisiopatologia da ansiedade em crianças e jovens utilizando métodos de Neuropsicologia e neuroimagem funcional. Espera-se que um melhor entendimento desses mecanismos psicológicos e biológicos em jovens e crianças leve a ideias para o desenvolvimento de novas terapêuticas para pacientes que sofrem com esses transtornos ao longo de toda a vida. O conjunto de dados encontrados nesses três artigos nos mostram alterações significativas em indivíduos com transtornos de ansiedade a partir de diferentes enfoques de avaliação: Neuropsicologia, Neuroimagem funcional (com realização de tarefa e em repouso). Esses achados iniciais demonstram as potencialidades que a neurociências oferece para o entendimento dos transtornos mentais ao compreender o cérebro humano em suas diferentes redes funcionais, além de fornecer ideias para avanços na personalização terapêutica e desenvolvimento de novas estratégias de tratamento. ...
Abstract
Anxiety disorders are the most common group of psychiatric disorders in childhood. Although significant advances have been made to identify the best treatments for children with anxiety disorders, little is known about the underlying neural basis for these disorders. This thesis used language as a background for the understanding anxiety disorders throughout neuropsychological and functional neuroimaging studies, taking into consideration that poor language skills can lead to negative reactions ...
Anxiety disorders are the most common group of psychiatric disorders in childhood. Although significant advances have been made to identify the best treatments for children with anxiety disorders, little is known about the underlying neural basis for these disorders. This thesis used language as a background for the understanding anxiety disorders throughout neuropsychological and functional neuroimaging studies, taking into consideration that poor language skills can lead to negative reactions, interpretation biases and avoidance behavior in social situations. The three papers presented here are the results of two projects. The first paper is the result of the baseline assessment phase of children (ages 6 – 11) participating in a randomized clinical trial for childhood anxiety. The second and third papers resulted from a cohort of anxiety disorder patients and comparison adolescents and young adults (ages 15 – 20) followed for the past five years from a community sample. The first paper, (Phonemic verbal fluency and severity of anxiety disorders in young children) aimed to investigate if performance in a phonemic verbal fluency task is associated with the severity of anxiety symptoms in young children with anxiety disorders. The results showed an association between anxiety symptoms and the number of clusters (grouping of words that start with the same first two letters, differ in one vowel, produce rhyme or homonyms). The results replicate and extend previous findings showing that verbal fluency is consistently associated with the severity of anxiety disorders since childhood. Moreover, in this paper we showed that this association was independent from comorbid symptoms of Attention Deficit/Hyperactivity Disorder. We conclude verbal fluency is consistently associated with the severity of anxiety symptoms, as replicated by our current findings. Our data reinforce the importance of verbal fluency as a marker of severity for anxiety and encourage the development of further studies aiming to investigate biological mechanisms for this association as well as its therapeutic implications. The second manuscript (Anxiety-related down-regulation of thalamic regions in the processing of sad and angry emotional narratives) aimed to investigate emotional processing through functional magnetic resonance imaging using narratives with emotional content as compared with neutral content in adolescents and young adults with anxiety disorders, relative to a comparison group. The results demonstrated a hypoactivation of a thalamic region modulated by emotion in sad vs. neutral and angry vs. neutral contrasts in individuals with anxiety disorders if compared to typically developing controls. In addition, there was an effect of emotion activation in ten others brain areas related to language and attention (left temporoparietal junction, right medial prefrontal gyrus, left inferior frontal gyrus/pars orbitalis, left superior/middle frontal gyrus, posterior cingulate/precuneus, left inferior parietal lobe, left middle temporal gyrus, left lingual gyrus, left middle temporal gyrus, right inferior frontal gyrus). The results suggest patients with anxiety disorders have lower activation in a thalamic region during negative emotions, implicating aberrant information processing in this region in anxious adolescents. The third article (Amygdala-based intrinsic functional connectivity and anxiety disorders in adolescents and young adults) aimed to investigate the intrinsic connectivity of amygdala subregions in patients with anxiety disorder when compared to the group without the anxiety disorder by examination functional neuroimaging at rest. The results showed aberrant connections between the left basolateral amygdala and five brain regions: right precentral gyrus, right cingulate gyrus, precuneus bilaterally, and right superior frontal gyrus. Between-group differences are reflected in a higher co-activation between the amygdala and these five regions in anxious subjects, whereas in non-anxious individuals that co-activation is not significant or is negatively correlated (as in cingulate gyrus and right precuneus). The data showed significant dysfunction in the intrinsic connectivity between the left basolateral amygdala with the motor cortex in areas involved in emotional regulation and default mode network. The results from this set of studies provide important information on the pathophysiology of anxiety disorders in children, adolescents and young adults by using neuropsychological methods and functional neuroimaging. It is hoped that better understanding of these mechanisms might shed light on ideas for the development of new therapies for patients suffering from these disorders throughout life. Results from these three articles show significant changes in individuals with anxiety disorders using different evaluation approaches: Neuropsychology and Functional neuroimaging (with task and at rest). These early findings demonstrate the potential neurosciences offers to the understanding of mental disorders and provide ideas for therapeutic advances in customization and development of new treatment strategies. ...
Institución
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Ciências Básicas da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Neurociências.
Colecciones
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Ciencias Biologicas (4138)Neurociencias (313)
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