Presença do gênero autoajuda na formação de professores : práticas de leitura de estudantes em cursos de Pedagogia

Abstract

Trata-se de tese que investiga o fenômeno da presença e circulação da literatura de autoajuda voltada à educação em cursos de Pedagogia. Propõe compreender e problematizar a inserção do gênero autoajuda entre as práticas de leitura de estudantes em formação para o exercício da profissão docente. Dentre os objetivos, destaca-se a análise dos modos como as estudantes se relacionam com essas leituras, suas motivações e as repercussões em suas práticas, bem como a problematização dos significados que assume o ascenso da literatura de autoajuda considerando a profissão docente. A investigação reuniu informações sobre práticas de leitura de duzentas e vinte e quatro (224) estudantes de cursos de Pedagogia de cinco Instituições de Ensino Superior (IES), situadas no Estado do Rio Grande do Sul. A empiria está composta por dados quantitativos e qualitativos, resultantes de respostas obtidas a partir da aplicação de questionário e de entrevistas semiestruturadas com estudantes e coordenações de cursos de Pedagogia. A problematização teórica se pauta em autores que tematizam a literatura de autoajuda, a formação de professores e as práticas de leitura, em especial Roger Chartier, Bernard Charlot, Francisco Rüdiger, Fernando Ampudia de Haro, Arquilau Romão e Dora Marín-Díaz. Os dados coletados permitem afirmar que a literatura de autoajuda para professores integra as práticas de leitura de estudantes de cursos de Pedagogia, seja como leitura de formação, sugerida pelos docentes do curso, seja como leitura profissional ou de tempo livre. Segundo as estudantes, a literatura de autoajuda apresenta-se como leitura acessível, prática, fácil de entender, motivadora, prazerosa. Uma abordagem emocional é evocada pela discursividade característica do gênero e está fortemente presente nas publicações de Augusto Cury, Içami Tiba, Gabriel Chalita e Hamilton Werneck. Ainda segundo os relatos das estudantes, estas promovem a reflexão sobre suas práticas docentes e auxiliam no planejamento pedagógico. As narrativas das estudantes apontaram que títulos de autoajuda foram indicados por alguns professores de seus cursos de Pedagogia, o que evidencia a urgência de diálogos e apreciações críticas nos cursos das IES participantes sobre os efeitos de legitimidade que são produzidos a partir das indicações vindas do corpo docente na formação inicial.

This is a thesis that investigates the phenomenon of the presence and circulation of Education-focused self-help literature in Pedagogy courses. It aims to understand and discuss the inclusion of self-help genre among reading practices of students working to become teachers. Among the objectives, the highlight is the analysis of the ways in which students relate to these readings, their motivations and the impact on their practices, as well as the discussion of the meanings of the rise of self-help literature considering the teaching profession. The research gathered information about reading practices of two hundred and twenty four (224) students of Pedagogy courses from five Higher Education Institutions (HEI), located in the state of Rio Grande do Sul. The empiria is composed of quantitative and qualitative data resulting from responses to questionnaires and semi-structured interviews with students and coordinators of Pedagogy courses. The theoretical discussion is based on authors who thematise self-help literature, teacher education and reading practices, especially Roger Chartier, Bernard Charlot, Francisco Rüdiger, Fernando Ampudia de Haro, Arquilau Romao and Dora Marín-Díaz. The collected data enables to state that the self-help literature for teachers is part of the reading practices of Pedagogy students, both as class readings, recommended by the course teachers, and as professional or free time readings. According to the students, the self-help literature is easy to read and understand, practical, motivating, enjoyable. An emotional approach is evoked by the typical discursivity of this genre and is strongly present in publications of Augusto Cury, Içami Tiba, Gabriel Chalita and Hamilton Werneck. According to the students’ statements, these publications promote reflections on their teaching practices and are helpful for the pedagogic planning process. The students’ narratives indicated that self-help books were suggested by some of their teachers from the Pedagogy courses, which highlights the urgent need for dialogue and critical assessment in the participating HEI’s courses about the effects of legitimacy that are produced by course teachers’ reading suggestions in the early years of teacher education.

Cette thèse étudie le phénomène de la présence et de la circulation de la littérature de développement personnel destinée à l’éducation dans les licences de Pédagogie. Elle se propose de comprendre et de problématiser l’insertion du genre développement personnel parmi les pratiques de lecture d’étudiants en formation pour l’exercice de la profession d’enseignant. Elle a pour objectifs d’analyser les modes par lesquels les étudiantes établissent des rapports avec ces lectures, leurs motivations et les répercussions dans leurs pratiques, ainsi que la problématisation des significations attribuées à l’ascension de la littérature de développement personnel tournée vers la profession d’enseignant. L’enquête a rassemblé des informations sur les pratiques de lecture de deux cents vingt-quatre (224) étudiantes de licence en Pédagogie dans cinq Institutions d’Enseignement Supérieur (IES), situées dans l’État de Rio Grande do Sul. L’empirie est constituée de données quantitatives et qualitatives, issues des réponses obtenues à partir d’un questionnaire et d’entretiens semi-directifs avec les étudiantes et les chefs de département de licence de Pédagogie. La problématisation théorique s’appuie sur des auteurs thématisant la littérature de développement personnel, la formation d’enseignants et les pratiques de lecture, dont Roger Chartier, Bernard Charlot, Francisco Rüdiger, Fernando Ampudia de Haro, Arquilau Romão e Dora Marín-Díaz. Les données recueillies nous permettent d’affirmer que la littérature de développement personnel pour les enseignants intègre les pratiques de lecture d’étudiantes de la licence de Pédagogie, soit comme lectures de formation, suggérées par les professeurs de la licence en question, soit comme lecture professionnelle ou lecture du temps libre. D’après les étudiantes, la littérature de développement personnel se présente comme une lecture accessible, pratique, facile à comprendre, stimulante et agréable. Une approche émotionnelle est évoquée par la discursivité caractéristique du genre et est fortement présente dans les publications d’Augusto Cury, Içami Tiba, Gabriel Chalita e Hamilton Werneck. D’après les récits des étudiantes, ces publications suscitent une réflexion sur leurs pratiques d’enseignement et les aident dans la préparation des cours. En outre, les ouvrages de développement personnel ont été indiqués par quelques professeurs de licence de Pédagogie, ce qui rend évident l’urgence de dialogues et d’appréciations critiques dans les licences des IES qui ont participé à cette étude sur les effets de légitimité produits à partir des indications issues du corps enseignant dans la formation initiale.