Do morfema à frase : a integração forma-sentido no discurso como constitutiva do nascimento da criança na cultura
Fecha
2015Autor
Nivel académico
Grado
Tipo
Resumo
Partindo do diálogo entre os campos dos estudos enunciativos de Émile Benveniste e da aquisição de língua materna, tomando como base os deslocamentos de Silva (2009) – que concebe a aquisição como um ato enunciativo –, este trabalho visa a verificar como os valores culturais engendram forma e sentido nas relações enunciativas criança-outro. Benveniste (1967/2006) concebe a existência da língua no domínio semiótico e no domínio semântico; ambos considerados na forma e no sentido. O domínio semió ...
Partindo do diálogo entre os campos dos estudos enunciativos de Émile Benveniste e da aquisição de língua materna, tomando como base os deslocamentos de Silva (2009) – que concebe a aquisição como um ato enunciativo –, este trabalho visa a verificar como os valores culturais engendram forma e sentido nas relações enunciativas criança-outro. Benveniste (1967/2006) concebe a existência da língua no domínio semiótico e no domínio semântico; ambos considerados na forma e no sentido. O domínio semiótico ocupa-se da língua enquanto relação de signos, o que se pode identificar no interior e no uso da língua. Nesse domínio intralinguístico, uma forma para existir como signo tem como critério o reconhecimento por aqueles que manuseiam a língua. Além desse domínio, Benveniste considera o semântico, espaço da língua em ação, que tem como critério para existência das formas a compreensão em sua atualização no discurso. Desse modo, é possível afirmar que a criança, em seu processo de aquisição, ainda que enuncie formas não reconhecidas pelo outro como pertencentes ao domínio semiótico, faz uso de elementos que estão presentes neste domínio para dar existência, no discurso, a essas formas. Considera-se, pois, que a enunciação carrega valores culturais que possibilitam à criança realizar uma passagem de formas enunciativas, que produzem sentido no discurso, ou seja, no domínio semântico, a formas da língua, que têm sentido enquanto signo, no domínio semiótico, entretanto, se a cultura está impressa na língua, ela se manifesta no discurso em todas as unidades atualizadas no discurso – inclusive naquelas de níveis inferiores ao da frase, como os morfemas. A partir dessa reflexão, buscamos, além de verificar as relações de forma e sentido mediadas pela cultura na enunciação criança-outro, responder a três questões: 1. Como a criança e o outro constituem sentidos no fio discursivo para dar existência, na enunciação, às formas não pertencentes à língua? 2. Qual o papel da instância cultural para a compreensão de formas enunciativas atualizadas no discurso da criança, não reconhecidas pelo outro como formas da língua? 3. Como os valores culturais impressos em formas morfológicas da língua, caso do sufixo, constituem sentido ao integrarem frases/discursos criança-outro em suas enunciações? Os resultados da análise de quatro fatos enunciativos de crianças dos onze meses aos três anos e quatro meses, publicados por Silva (2009a), apontam que os sentidos das formas enunciativas atualizadas pela criança são possíveis através da compreensão de seu emprego no discurso e que o semantismo social, que permeia a situação discursiva, assegura essa compreensão. Estando a cultura impressa na língua-discurso, a criança, em seu processo de aquisição, apreende os valores impressos em unidades da língua pela relação de conjunção e disjunção no discurso com o outro e os emprega em seu discurso. ...
Abstract
Starting from the dialogue between the fields of enunciation studies of Émile Benveniste and of mother language acquisition, based on the shifts proposed by Silva (2009) – who regards acquisition as an enunciative act –, this paper aims to verify how cultural values beget form and meaning in the enunciative relations between child-other. Benveniste (1967/2006) conceives the existence of language in the semiotic and in the semantic domains; both are considered in form and meaning. The semiotic d ...
Starting from the dialogue between the fields of enunciation studies of Émile Benveniste and of mother language acquisition, based on the shifts proposed by Silva (2009) – who regards acquisition as an enunciative act –, this paper aims to verify how cultural values beget form and meaning in the enunciative relations between child-other. Benveniste (1967/2006) conceives the existence of language in the semiotic and in the semantic domains; both are considered in form and meaning. The semiotic domain deals with language as a relation of signs, which can be identified within and through the use of language. In this intralinguistic domain, being acknowledged by those who use the language is the criterion for a form to exist as a sign. In addition to this domain, Benveniste considers the semantic, space of language in action, which has as criterion for the existence of the forms the understanding when they are updated in speech. Thus, it is possible to state that in their acquisition process even if the child utters form that are not acknowledged by others as belonging to the semiotic domain, they use elements that are present in this domain to give existence to these forms in the speech. Therefore, we consider that the enunciation carries cultural values that enable the child to switch from enunciative forms, which produce meaning in the speech, that is, in the semantic domain, to forms of the language, which have a meaning as signs, in the semiotic domain. However, if the culture is printed in the language, it manifests itself in the speech in all units updated in it – including those levels below the sentence, such as morphemes. From this reflection, in addition to verifying the relations of form and meaning mediated by culture in the enunciation child-other, we seek to answer three questions: 1. How does the child and the other constitute meanings on the discursive thread to give existence, in enunciation, to forms that do not belong to the language? 2. What is the role of the cultural instance to understand the enunciative forms updated in the child's speech, not acknowledged by the others as forms of the language? 3. How do the cultural values printed in morphological forms of the language, as in the case of the suffix, constitute meaning when they integrate sentences/speeches child-other in their enunciations? The results of the analysis of four enunciative facts of children aged between 11 months and three years and four months, published by Silva (2009a), indicate that the meanings of the enunciative forms updated by the child are possible through the understanding of their use in the speech and that the social semantism, which permeates the discursive situation, ensures this understanding. With culture printed in the language-speech, the child, in their acquisition process, grasps the values printed in units of the language though the relation of conjunction and disjunction in the speech with the other and uses them in their speech. ...
Institución
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Letras. Curso de Letras: Licenciatura.
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