Bem-aventurado aquele que sofre perseguição em nome da justiça : uma análise da presença do martírio em escritos mendincantes do século XIII

Abstract

Este trabalho trata da presença do tema do martírio no século XIII em escritos atribuídos a membros de duas ordens religiosas mendicantes: a Ordem dos Irmãos Pregadores (Dominicanos) e a Ordem dos Irmãos Menores (Minoritas ou Franciscanos). Geograficamente, nosso recorte é o norte da Península Itálica e a atual França. O principal objetivo é responder à questão: por que se encontra a temática do martírio nesses documentos? Tal problema se justifica por haver uma bibliografia que defende que a morte martirológica não era um assunto em voga no século XIII. Consideramos nosso trabalho inserido em uma vertente chamada História da Morte. Além disso, fazemos uso de ferramentas da História Intelectual, como a análise sincrônica e diacrônica e o estudo da relação Texto/Contexto, para buscar respostas às nossas indagações. Concluímos discordando dos autores que entendem o martírio como algo “não pertencente” ao século XIII. Afirmamos que esse tipo de morte configurava-se como uma temática “atual” para o período, pelo menos para os mendicantes, sobretudo em função das disputas contra hereges e mestres universitários seculares.

This paper is about the presence of martyrdom in the thirteenth century in texts assigned to two religious mendicant order’s members: The Order of Preachers (Dominicans) and The Friars Minor (Franciscans). Geographically, this paper is about the north of Italian Peninsula and what is now France. The main goal is to answer the question: why is the subject of martyrdom is in these documents? Such problem is justified by a bibliography that claims that martyrdom wasn’t a subject in vogue in the thirteenth century. We consider our paper as belonging to the field of History of Death. Besides, we use the tools of the Intellectual History, like synchronic and diachronic analysis and the study of the Text/Context relation, to search the answers to ours questions. We conclude disagreeing with authors that see martyrdom like something that “doesn’t belong” to the thirteenth century. We claim this kind of death was a “current” theme in that time, at least to the mendicants, much because of the disputes against heretics and secular academics.