Linhas de fuga, sujeitos e devires : o olhar dos jovens selecionados pelo sistema socioeducativo

Abstract

Esta pesquisa tem foco nos significados que os adolescentes que cumpriram medida socioeducativa na FASE e passaram pelo Programa de Educação pelo Trabalho do Tribunal Regional Federal da 4ª Região têm a respeito da experiência do estágio em suas vidas. A partir da pesquisa de campo, que envolveu a observação participante, diálogos informais e entrevistas semiestruturadas, buscou-se trazer as narrativas desses adolescentes para compreender o seu ponto de vista acerca da experiência do estágio e outras questões como a reinserção social, o trabalho, a família e dos mundos pelos quais circulam. O referencial teórico segue os debates sobre o contexto atual das políticas de gestão da infância e da juventude no Brasil, que refletem as transformações que vem ocorrendo desde o início do século XX, com a passagem da figura do “menor em situação irregular” para o “sujeito de direitos”. Entretanto, os avanços legais vêm acompanhados de efeitos inesperados, como o crescimento do encarceramento e a prevalência das medidas socioeducativas mais rigorosas. A percepção de periculosidade do adolescente infrator acompanha o clamor social que justifica a maior repressão. Perceber como o discurso hegemônico é vivenciado no cotidiano daqueles que são sujeitos das políticas de atenção tem a pretensão de trazer as narrativas e compreender as experiências, estratégias e trajetórias desses atores, contribuindo para a compreensão de temas como o trabalho, a reinserção social e a educação na perspectiva dos próprios adolescentes, muitas vezes as vozes menos audíveis neste âmbito de intervenção e estudo.