Corpos que gritam : a relação mãe e filha em Uma duas, de Eliane Brum

Abstract

As representações da violência tem sido uma constante na literatura contemporânea. O presente trabalho consiste na análise do romance Uma Duas (2011), de Eliane Brum. O romance aborda um drama familiar permeado pelas sombras de abuso sexual, assassinatos e doença terminal cujo núcleo dramático é constituído pela relação mãe/filha. A proposta de análise contempla dois objetivos: primeiro, examinar os elementos que definem o texto como autoficção; segundo, explorar a relação entre as personagens colocando em evidência como seus traumas podem sustentar a hipótese de que se trata de um “texto histérico” no qual o corpo-linguagem contém a possibilidade de cura, transfiguração e redenção.

The representations of violence has been a constant in contemporary literature. The present work is an analysis of the novel Uma Duas (2011), of Eliane Brum. This novel deals with a family drama permeated by the shadows of sexual abuse, murder and terminal illness whose dramatic core is constituted by the mother/daughter relationship. The proposed analysis covers two goals: first, to examine the elements that define the text as autofiction; second, to explore the relationship between the characters also highlighting the way their trauma may support the hypothesis that it is a “hysterical text”, in which the body-language contains the possibility of healing, transfiguration and redemption.