"Pobre, preta, periférica e grávida, eu tinha tudo para dar errado" : narrativas interseccionais nas trajetórias de vida de professoras negras de Santa Maria/RS (déc. 1960 - tempo presente)

Abstract

Esta pesquisa tem como investigar a construção de um projeto de educação para as relações étnico-raciais, desde Santa Maria, por meio da análise das trajetórias de vida de quatro (4) professoras negras da rede pública no período Pós-Abolição recente, que compreende entre os anos de 1960 ao tempo presente. Nossa investigação partiu da seguinte problemática: como as trajetórias das quatro professoras explicitam um projeto de educação por meio da educação antirracista? Tal reflexão perpassa pelas trajetórias pessoais e profissionais de mulheres negras na área da Educação a partir do período Pós- Abolição. Como procedimento metodológico, adotamos a História Oral para conhecer as narrativas das protagonistas da pesquisa e, assim, compreender tanto os processos e contextos históricos quanto as interações e participações dessas mulheres como indivíduos na História. Por meio das narrativas, as professoras apresentaram trajetórias marcadas por luta e resistência de maneira diversas, desde a inserção no espaço educacional na condição de estudantes e, posteriormente, como professoras. Suas vivências no campo educacional informam sobre acionamentos de práticas educacionais que têm ressignificado a educação santa-mariense.

This research aims to investigate the construction of an education project for ethnic-racial relations from the city of Santa Maria, through the analysis of the life trajectories of four (4) Black female teachers from the public school system in the recent Post-Abolition period, spanning from the 1960s to the present day. Our investigation was guided by the following question: how do the trajectories of these four teachers reveal a project for the reconfiguration of racial relations through anti-racist education? This reflection encompasses the personal and professional paths of Black women in the field of Education since the Post-Abolition period. As a methodological procedure, we adopted Oral History to access the narratives of the research participants and thus understand both the historical processes and contexts, as well as these women’s interactions and roles as individuals in History. Through their narratives, the teachers presented trajectories marked by struggle and resistance in various forms, from their entry into educational spaces as students to their later roles as teachers. Their experiences in the educational field highlight educational practices that have re-signified education in Santa Maria.